Jampa Digital e um governador indo e voltando
Sempre tão astuto e diligente para se defender atacando adversários em momentos de crise, o governador Ricardo Coutinho, aparentemente, ainda não encontrou a fórmula para escapar das teias do escândalo do Jampa Digital. Sua reação tem sido marcada por idas e vindas, que têm confundido até mesmo os seus aliados mais próximos.
Inicialmente, passou dois dias para se defender, após a veiculação da denúncia envolvendo seu nome no Jornal Nacional. Na manhã do último domingo (dia 21) mandou a secretária Estelizabel Bezerra (Comunicação) emitir nota oficial, no portal do Governo, apresentando a sua defesa. Mas, curiosamente, a nota não resistiu nem até o final da tarde. Misteriosamente, foi tirada do ar.
Depois, já nesta segunda-feira, em seu programa de rádio, asseverou que a contratação do marqueteiro Duda Mendonça, indiciado pela Polícia Federal por lavagem de dinheiro dos recursos do Jampa Digital, foi feita pelo seu ex-secretário Nonato Bandeira. No inquérito da Polícia Federal, o vice Rômulo Gouveia sugere que o foi o próprio governador quem contratou Duda.
Ainda em seu programa de rádio afirmou, com todas as letras, que, além de não ter sido indiciado pela Polícia Federal, não teve seu nome envolvido no escândalo do Jampa. Mas, uma rápida lida no “Relatório de Indiciamento” da PF, nas páginas 2, 3, 135 e 136 há a citação explícita do nome do governador, com sugestões técnicas.
Nas páginas 2 e 3, por exemplo, o governador é citado como o representante da Prefeitura de João Pessoa que, em 13 de outubro de 2009, assinou ao lado do então ministro Sérgio Machado (Ciência e Tecnologia), o convênio para a implantação do Jampa Digital. Não foi, portanto, o secretário de Administração quem assinou o documento, como RC havia afirmado.
Na página 135, está no capítulo “Da sugestão de encaminhamento dos autos ao Superior Tribunal Federal”: “No último prazo concedido pela Procuradoria Regional da República elementos de provas foram obtidos e carreados aos autos em desfavor de Ricardo Coutinho, atualmente governador do Estado da Paraíba e Aguinaldo Velloso Borges Ribeiro, atualmente Ministro das Cidades”.
Na página 136, o vice Rômulo Gouveia deixa implícito que foi Ricardo Coutinho quem contratou a empresa Duda Mendonça, “com domínio de como se deu o financiamento da campanha eleitoral de 2010, conforme indícios”. O relatório é assinado pelo delegado federal Felipe Alcântara de Barros Leal, responsável pelas investigações.
Nessa toada, o governador não vai conseguir entrar no ar. Como, aliás, o programa Jampa Digital.