CGU constata doação de campanha da Ideia Digital para Ricardo Coutinho
A cada momento surgem mais capítulos no escândalo do Jampa Digital. Um dos documentos mais bombásticos divulgados nesta terça (dia 23) foi o Relatório da Controladoria Geral da União sobre as investigações. Há algumas pérolas. Uma delas foi a constatação de que houve superfaturamento de até 364% na compra de equipamentos para o Jampa…
… A outra pérola está na página 108 e trata da constatação de que a empresa Ideia Digital, que venceu a licitação para o fornecimento dos equipamentos ao programa, fez doação de campanha para o então candidato Ricardo Coutinho. Uma das doações constatadas pelos técnicos da CGU foi no valor de R$ 5 mil. Até módico para o tamanho de toda operação.
Diz o texto: “Consta, ainda, a referência a um saque no valor de R$ 5.000,00, relacionado à eleição (de 2010), cujo valor corresponde à doação efetuada pela empresa IDEIA DIGITAL, em 08/09/2010, à Campanha do candidato Ricardo Coutinho, à época Prefeito de João Pessoa, concorrendo ao cargo eletivo de Governador do Estado da Paraíba.”
Os técnicos da CGU estranham que a empresa vencedora da licitação, considerada fraudulenta, tenha efetuado doações para a campanha do candidato RC, quando foi sob a sua gestão na Prefeitura que o programa Jampa Digital foi licitado e implantado. No relatório, de 124 páginas, a CGU detalhe os depósitos e a tramitação do dinheiro desde sua origem até seu destino final.
Além dessas doações de campanha, os técnicos da CGU também descobriram como funcionava o esquema criminoso para fraudar os processos licitatórios, como desviar o dinheiro do superfaturamento para o mercado financeiro, e como promover a camuflagem das evidências até chegar à conta de campanha dos candidatos em 2010.
Está no relatório da Polícia Federal, que a operação consistia de três etapas. Na etapa 1 (ou Colocação) consistia precisamente em introduzir dinheiro ilícito no sistema financeiro, para dificultar a identificação da procedência. Na etapa 2 (Ocultação), era feita a camuflagem das evidências, é a fase da lavagem do dinheiro. Etapa 3 (Integração), quando o dinheiro vai pra campanha com aparência de ser limpo.
No caso do Jampa Digital, duas empresas foram criadas, a Brickell e a Rigusta, somente para ancorar a fraude. O detalhe é que nenhuma das duas tinha sequer um funcionário, apenas um contador (Celso Santos), que comandava todas as operações com os sócios. O dinheiro saia das duas empresas para financiar as campanhas eleitorais.