Documentos mostram que dinheiro do Jampa financiou eleição do governador. E agora?
Tem sido de uma pobreza franciscana (com o perdão do trocadilho) a defesa do governador Ricardo Coutinho no caso do Jampa Digital. Primeiro, todos os atores para quem ele tentou transferir responsabilidades reagiram e devolveram a mercadoria de volta. Depois, que os ataques à Polícia Federal só tem consolidado a ideia de que ele não é inocente na parada.
Agravou quando, depois da Polícia Federal, órgãos como Controladoria Geral da União e Ministério Público Federal afiançaram a lógica de que houve fraude na licitação do Jampa e desvio de recursos para o financiamento de sua campanha em 2010. E piorou de vez com a decisão da PF expor a documentação que comprova as doações para sua campanha com o dinheiro sujo.
Os documentos apresentados pela Polícia Federal, matéria de reportagem do Bom Dia Paraíba, desta segunda (dia 29), são acachapantes. Pena que o inquérito só tenha sido concluído agora, quase três após a prática do delito. É flagrante o cometimento do ilícito com dinheiro público. O crime eleitoral está explícito. Num País sério já tinha gente experimentando as grades.
E só agrava com essa defesa tão franciscana do governador. Ele tentou jogar a culpa no ministro Aguinaldo Ribeiro (Cidades), à época secretário de Ciência e Tecnologia. Aguinaldo se defendeu mostrando que a licitação, objeto da investigação, foi comandada pelo então secretário Gilberto Carneiro (Administração), que ainda contratou e pagou à Ideia Digital.
Depois, tentou atribuir ao vice-prefeito Nonato Bandeira a contratação do marqueteiro Duda Mendonça. Nonato já mostrou que a contratação de Duda foi de absoluta responsabilidade do então candidato Ricardo Coutinho. Até porque, como sabe, RC não costuma descentralizar determinadas decisões. Foi ele, portanto, que orientou a contratação do marqueteiro, indiciado pela PF.
Por fim, tentou desacreditar o trabalho realizado pela Polícia Federal, com uma nota publicada em seu site oficial que, misteriosamente foi postada pela manhã do dia 21 (domingo) e retirada do ar antes do final do dia. Porém, mais uma vez não deu certo. CGU e MPF corroboraram as denúncias capituladas pela PF. E houve a reação de entidades que representam a Policia Federal e Militar.
Agora, com a profusão de documentos apresentados pela PF só resta se queixar ao Papa Francisco que, este sim, é franciscano em suas ações.