Por que Cássio não deve romper com RC?

Não foi apenas pela foto veiculada em alguns portais, trazendo o senador Cássio Cunha Lima e o governador Ricardo Coutinho rindo e trocando confidências. A cena ocorreu, esta sexta (dia 6), durante a posse do desembargador Oswaldo Trigueiro. Na verdade, há vários motivos que sinalizam para a manutenção da aliança entre Cássio e Ricardo.

A primeira delas é de ordem institucional: PSDB e PSB estão coligados em nove estados do País, visando as eleições do próximo ano. Ora, havendo um palanque único dos dois partidos na Paraíba, certamente só haverá um candidato a governador. E, neste caso, quem tem a prioridade é Ricardo, pelo direito natural de disputar a reeleição. A menos que o critério seja de pesquisa.

Depois, Cássio tem seis ou sete secretários nomeados no Governo do Estado, além de inúmeros aliados em postos menores. Um rompimento ensejará o imediato afastamento de todos eles, a mais de um ano das eleições. Como reagirão esses degolados com tanta antecedência? Ainda que o tucano tenha perspectiva de poder, não há a garantia de sua vitória e o retorno deles ao Governo.

Finalmente, o senador Cássio ainda não tem a certeza de ter as condições legais de elegibilidade para disputar o Governo em 2014. Há várias teses, algumas decisões da Justiça, mas nada ainda conclusivo. Por que então bancar o trauma de um rompimento político, quando ainda reinam tantas dúvidas? Talvez a vontade de romper seja grande. Dos dois lados. Mas, eles estão limitados pelas circunstâncias.

Ricardo, porque sabe da importância do apoio de Cássio, como já foi em 2010. Sem o tucano, ele perde de prima a governabilidade a partir da Assembleia Legislativa, onde sua bancada ficará resumida a uma meia dúzia de deputados. Depois, sem o apoio do senador, sua candidatura tende a ficar abaixo dos radares das pesquisas. Já o senador Cássio não tem por que romper neste momento.

Então, ainda que haja escaramuças, com os dois escalando porta-vozes para trocar algumas farpas, como tem ocorrido nos últimos dias, não há indicativos técnicos de rompimento. Um cisma no máximo. Ainda que ataques usando o pessoal da infantaria seja uma estratégia de DNA Cunha Lima. Quem não lembra do que a ex-prefeito Cozete passou com o ataque dos soldados de Cássio até finalmente romper? Mesmo assim.

Ricardo tem dado o troco, utilizando ora o líder Hervázio Bezerra, ora seu porta-voz mais leal, Edvaldo Rosas. Mas, até mesmo o nível das escaramuças está dentro do suportável. Então, quem estiver apostando rum rompimento entre Cássio e Ricardo, talvez seja melhor refazer os planos. Pelo menos por enquanto.  Talvez quando 2014 chegar haja uma mudança nas variáveis dessa equação.