Ameaça de morte: secretário ameaça processar Couto e Governo contesta denúncia
Não foi a primeira vez que o deputado Luiz Couto afirmou estar recebendo ameaças de morte, por ter pautado seu mandato denunciando a existência de grupos de extermínio na Paraíba. Mas, foi a primeira vez que terminou contestado pelo Governo Ricardo Coutinho, de quem é aliado de primeira hora. Talvez Couto não esperasse essa reação do Palácio da Redenção.
Como se sabe, o petista usou a tribuna da Câmara Federal para proferir um bombástico pronunciamento, na tarde dessa segunda (dia 30), denunciando uma operação para tirar sua vida e da ouvidora da Polícia, Valdênia Paulino Lanfranchi. Não ficou apenas na denúncia. Afirmou que a contratação das mortes foi orçada em R$ 500 mil, e parte dessa quantia (R$ 300 mil) já teria sido paga.
Mais: que o dinheiro foi levado aos bandidos encarregados de realizar os assassinatos numa viatura da Secretaria da Administração Penitenciária, com o conhecimento do secretário Valber Virgulino, que teria participado ativamente da trama. Denunciou, inclusive, que o delegado Valber chegou a destratar, publicamente, o secretário Claudio Lima (Segurança), numa recente solenidade.
Couto afirmou mais: que recebeu a denúncia da própria Secretaria de Segurança, e chegou a ser escoltado por policiais militares, quando desembarcava em João Pessoa, por orientação do secretário Cláudio Lima, ante os indícios do iminente atentado contra sua vida. A informação teria sido, inclusive, partilhada pela Polícia Federal, que mantém segurança para o deputado desde o início de seu mandato.
A reação à denúncia de Couto veio em dois momentos. No primeiro, o secretário Valber considerou a denúncia obra da ficção do petista, e avisou que irá processá-lo judicialmente para provar o que afirmou. Negou ainda qualquer rusga com o secretário Cláudio Lima, tampouco que pretenda tomar seu cargo: “Isso não procede.”
No segundo momento, a surpresa: uma nota da Secretaria de Comunicação negou que a pasta de Segurança tenha recebido qualquer denúncia de ameaça à vida do deputado ou da ouvidora Valdênia. Negou também que tenha escalado policiais militares para dar segurança extra ao deputado.
A nota, certamente, foi um choque para o deputado que, agora, certamente, vai precisar apresentar provas mais robustas de sua denúncia. Eis a nota da Secretaria de Comunicação: “Com relação ao pronunciamento do deputado federal Luiz Couto, na sessão de ontem na Câmara Federal, a Secretaria de Estado da Comunicação Institucional vem a público esclarecer que:
– A Secretaria de Estado da Segurança não detectou ou recebeu nenhuma denúncia de ameaça às vidas do deputado nem da ex-ouvidora Valdênia Paulino, portanto, não partiu da Secretaria de Estado da Segurança e Defesa Social qualquer informação ao parlamentar ou à Polícia Federal sobre supostas ameaças destinadas aos mesmos.
– A presença de policiais militares na escolta do deputado federal Luiz Couto na data de sua última vinda ao Estado deveu-se a apoio de rotina à Polícia Federal e não à denuncia que fundamentasse a necessidade de reforço na proteção do deputado.
– A Secretaria de Estado da Administração Penitenciária abriu sindicância para investigar o suposto uso do veículo do Grupo Penitenciário de Operações Especiais, bem como solicitou ao Ministério Público apuração dos fatos narrados na denúncia do deputado Luiz Couto.
– As denúncias feitas pelo parlamentar carecem de fundamentação para auxiliar as investigações que serão realizadas pelas secretarias de Estado da Segurança e Defesa Social e Administração Penitenciária.
– O Governo do Estado ressalta ainda que, no limite de suas competências, qualquer ameaça à integridade do deputado será apurada de maneira enérgica pelas forças de segurança da Paraíba.”
Diante dessa reação, fica a dúvida: houve ou não houve realmente a ameaça de morte ao deputado Luiz Couto?