Adesão de Marina ao PSB: dessa mata sai coelho?
Deveria ser vice em 2014 quem obteve cerca de 20 milhões de votos em 2010? É a indagação que muitos têm se feito, desde que Marina Silva abdicou de disputar a Presidência nas eleições do próximo ano para ser, literalmente, escada do governador Eduardo Campos. Uma operação difícil de explicar nos domínios da ecologia e da sustentabilidade política.
A menos que, mais adiante, ela consiga transformar a candidatura de Campos numa espécie em extinção, fica incompreensível, especialmente para os que simpatizam com sua trajetória, ela ter se filiado ao PSB. Ou qualquer outro partido para ser apenas coadjuvante, quando poderia ter escolhido uma legenda pra chamar de sua, e disputar em 2014 com reais chances de vitória.
Marina decretou, na verdade, a origem de uma nova espécie, talvez até pelo processo de seleção natural, de que tanto falava Charles Darwin: do político que tanto critica os partidos tradicionais e resolve agir exatamente como eles. Dá a impressão que sempre foi assim, e estava apenas camuflada de Marina Silva, para tentar sobreviver aos predadores… até que eles descobriram.
Não há dúvida que sua adesão dará empuxo à candidatura de Eduardo Campos. Desde, é claro, que os simpatizantes dela e da causa ambientalista esqueçam que, historicamente, os socialistas (incluindo ai o próprio governador) não são exatamente um bom exemplo de defensores do meio ambiente. E o PSB é um dos partidos com maior número de escândalos envolvendo seus gestores.
Ainda é cedo para avaliar as consequências de sua decisão na Paraíba. Por enquanto, o efeito imediato foi a filiação dos militantes do (futuro) Rede Sustentabilidade ao PSB, seguindo passos de Marina. O mais destacado deles, sem dúvida, o cantor Vital Farias, crítico ferrenho do governador Ricardo Couto. O que, certamente, dará pano pras mangas de muitas rimas.
O detalhe é que os paraibanos, tradicionalmente, votam sob outras variáveis. Em 20140 é previsível que se reproduza a velha disputa dos dois cordões, oposição versus governo. Então, independe da adesão de Marina, o que vai pesar é o alcance dos evidentes estragos à imagem de Ricardo Coutinho. Várias espécies que votaram com ele em 2010, certamente não repetirão o voto próximo ano.
Vai também depender de como poderá ocorrer um projeto de união das oposições, e há, por fim, a incógnita sobre a candidatura ou não do senador Cássio Cunha Lima, pra saber se, no frigir dos ovos, dessa mata sairá coelho.