PSDB escala Cássio para fazer ponte com PSB e evitar racha
Não é novidade que a relação do PSDB com o PSB ficou arranhada, desde a adesão de Marina Silva ao projeto do governador Eduardo Campos. Até então, os presidenciáveis Eduardo e o tucano Aécio Neves vinham estabelecendo uma política de boa vizinhança, projetando uma união de forças talvez já no primeiro turno.
Após o ingresso de Marina no PSB, sobreveio um estranhamento entres eles. Agora, ante a constatação de que o adversário comum é a presidente Dilma, os dois decidiram, como se diz na praça, discutir a relação e escalaram o paraibano Cássio Cunha Lima para iniciar a operação. É o que diz o blogueiro Josias de Sousa, do portal UOL.
Josias revela que o tucano Cássio terá a missão de tentar “reduzir os danos, fixando regras que permitam estabelecer uma política de boa vizinhança com Campos sem avacalhar o ninho tucano. Noutra, busca amarrar a reciprocidade do PSB em outros Estados.”
Confira o texto na íntegra:“Em missão acertada com o presidenciável tucano Aécio Neves, o senador paraibano Cássio Cunha Lima, vice-presidente do PSDB federal, se reunirá nesta quinta-feira com Fernando Henrique Cardoso e, na sequência, fará uma visita ao governador de São Paulo, Geraldo Alckmin. O tema das conversas será Eduardo Campos, o potencial candidato ao Planalto pelo PSB.
A exemplo do mineiro Aécio, o pernambucano Campos tenta estruturar-se em São Paulo, maior colégio eleitoral do país. Sem melindrar o correligionário Aécio, Alckmin revela em privado o desejo de ceder uma nesga do seu palanque reeleitoral a Campos, cujo partido já integra o seu governo, na Secretaria de Turismo.
Diante da evidência de que o palanque duplo é praticamente uma fatalidade, Aécio move-se em duas direções. Numa, tenta reduzir os danos, fixando regras que permitam estabelecer uma política de boa vizinhança com Campos sem avacalhar o ninho tucano. Noutra, busca amarrar a reciprocidade do PSB em outros Estados.
Cunha Lima vai a São Paulo ciente de que lida com um paradoxo. O melhor dos mundos para um candidato ao Planalto seria o apoio exclusivo do governador do seu partido, diz ele. O ideal para um candidato a governador é ter do seu lado o maior número possível de candidatos à Presidência, ele admite. Assim, conforma-se o senador, não resta senão harmonizar em São Paulo o interesse de Aécio com a conveniência de Alckmin.
A parceria entre PSDB e PSB sempre esteve no horizonte. Isso ficara bem entendido no mês passado, num jantar que Campos servira em sua casa ao próprio Aécio. Os entendimentos prévios foram, porém, sacudidos por uma novidade chamada Marina Silva.
Sem o apoio da criadora da Rede, Campos era, por assim dizer, um candeeiro no qual o PSDB se dispunha a injetar querosene para reduzir o risco de Dilma Rousseff prevalecer no primeiro turno por falta de concorrência. A energia provida pela ligação com Marina deu ao governador de Pernambuco algo que o deputado federal Márcio França, presidente do PSB em São Paulo, chama de PAC —Plano de Aceleração do Campos.
No intervalo de duas semanas, atestou o Datafolha, Campos saltou do patamar de um dígito para luminosos 15%. De lamparina, converteu-se em abajur. Dono de 21% das intenções de voto, Aécio não ignora que o segundo turno depende da combinação do seu desempenho com a pontuação de Campos. Seu dilema consiste não se deixar ultrapassar pelo ex-candeeiro. Daí a preocupação em regular a parceria.
Se Marina Silva e sua “nova política” não criarem caso, o PSB de Campos gostaria de trocar o seu tempo de propaganda no rádio e na tevê pela presença na chapa de Alckmin, na posição de vice, do deputado Márcio França. De resto, o PSB apreciaria imprimir as fotos de Alckmin e de Campos, lado a lado, nos milhões de santinhos que os seus cerca de 250 candidatos a deputado federal e estadual distribuirão em todo o Estado de São Paulo.
Se Alckmin der ouvidos a Aécio e seu grupo, a presença de Campos na vitrine do PSDB será menos vistosa. Santinhos bipartidários, nem pensar. Alega-se que são proibidos. Algo que uma resolução do TSE deixa em dúvida. Palanque duplo? Só como metáfora. Na prática, cada partido cuidaria do seu presidenciável. Nas passagens por São Paulo, Campos poderia visitar Alckmin. E ficaria nisso.
Do sucesso dos entendimentos que serão costurados em São Paulo depende a reprodução do modelo em outros Estados governados pelo PSDB e pelo PSB.”
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