Por que os deputados aprovaram o voto de repúdio a RC e à “surra de varas”
Dois fatos aparentemente desconectados começam a fazer sentido envolvendo o governador Ricardo Coutinho. Primeiro foram declarações do senador Cássio Cunha Lima e do deputado Efraim Filho, com palavras diversas, mas com o mesmo sentido. Disseram que adesões (Cássio se referia a Wilson Santiago) são bem vindas, desde que respeitados os parceiros de primeira hora.
O segundo fato foi a aprovação, por unanimidade, de um voto de repúdio ao governador. Qual a conexão? Um deputado informa ao Blog que alguns colegas não estão muito felizes com as recentes adesões anunciadas pelo governador. Ainda que sejam apenas ficção e os prefeitos mudem de ideia às vésperas das eleições do próximo, como, aliás, costuma ocorrer. Vide Zé Maranhão em 2010.
O problema são as disputas paroquiais. Quando o governador anuncia adesão de algum prefeito que, via de regra, recebe um benefício, causa irritação aos antigos aliados locais. Em diversas localidades só há dois lados. Se um lado adere, o outro tem uma tendência de se afastar. É quando surgem as dificuldades, porque eles acionam seus aliados, tipo Cássio, Efraim, deputados e tal.
Não é novidade, portanto, que vários deputados da base do Governo estejam insatisfeitos, ante a pressão em seus redutos com a ação do governador junto a adversários locais. Então, meu caro Paiakan, pode até ser que os deputados governistas votaram o repúdio a RC por descuido, típico de sessões corridas no final de ano. Mas, podem ter enviado um recado velado à sua excelência.
Talvez o deputado Carlos Batinga tenha razão, quando diz que “alguns deputados governistas não ficaram tristes com a aprovação do voto de repúdio”. O voto de repúdio teria sido o instrumento escolhido pelos deputados para externar sua insatisfação.
O voto de repúdio foi, como se sabe, apresentado pelo deputado Caio Roberto, em resposta à ameaça do governador dar “uma surra de varas” na oposição, durante sua festa de aniversário num haras. Caio disse que o governador age como “um coronel”: “A Paraíba não tolera a volta ao coronelismo.”