Por que o súbito acesso de benevolência de Ricardo com o PMDB que traiu em 2008?
Não deixe de ser surpreendente esse apelo que o governador Ricardo Coutinho faz ao PMDB para compor sua chapa. Ora, nem faz tanto tempo, o RC estava às turras com o ex-governador Zé Maranhão, o senador Vital e o ex-prefeito Veneziano. Impressiona como o governador tem subitamente um acesso de benevolência, quando é de seu particular interesse.
Em 2010, por exemplo, quando era fundamental ter o apoio de Cássio Cunha Lima, Ricardo esqueceu todo o passado de desavenças entre eles e adotou o tucano com casca e tudo. Agora, recentemente, quando Cássio decidiu romper, então se tornou o inimigo a ser batido, aquele que perseguia servidores com empréstimos e não realizou uma só obra no Estado.
Com o precário desempenho nas pesquisas, o governador vê o PMDB como alternativa mais lógica para sobreviver ao inferno astral em que se encontra, inclusive na Assembleia. Sabe que, sem o partido, sua situação é muito grave na Casa, apresentando uma humilhante minoria, algo incomum nessas latitudes para um Governo em seu terceiro ando de mandato.
Sem o PMDB, Ricardo Coutinho resvala para o pantanoso terreno da ingovernabilidade. Suas matérias têm sido derrubadas uma a uma. Tem perdido todas na Casa, e corre o risco de ver reprovadas as suas contas. E se isso ocorrer, a menor das consequências será cair na Lei da Ficha Lima e ficar inelegível por oito anos. Não pode desprezar outros efeitos de ordem penal.
Então, subitamente, lideranças do PMDB como Maranhão, Vital, Veneziano, Manuel Júnior e outros são mimoseados com acenos de uma aliança, oferecendo à vista, claro, participação no Governo, afora luvas e outros agrados. Mas, esse comportamento do governador é contumaz. Ele agiu assim com o próprio PMDB em 2004, quando precisava se eleger prefeito…
E o que ocorreu em 2008 na reeleição? Defenestrou o partido da chapa, porque não era mais interessante e o PMDB não tinha mais o que lhe dar. Mas, a ironia é que o partido volta a ter o que dar, então Ricardo retoma o velho estilo de tentar aliciar, em função do seu próprio interesse. Ao velho estilo, tenta passar uma esponja no passado e cicia com propostas e juras de amor eterno. Há quem acredite.