Cícero adverte: “Quando tomarem a decisão sobre minha candidatura, tomarei a minha!”
Que o senador Cícero Lucena anda magoado com seu partido, o PSDB, isto não constitui novidade. A novidade mesmo é que o senador talvez rompa com seu estilo cordato de sempre abaixar a cabeça para as decisões do partido, e decida tomar uma atitude, digamos, mais altiva. É o que o tucano vem deixando transparecer em suas últimas entrevistas.
Na última delas, por exemplo, Cícero dá um aviso, que mais parece uma advertência: “Minha candidatura (á reeleição) é nata. Os estatutos do PSDB me asseguram o direito de disputar a reeleição.” Ou seja, ele talvez não aceite pacificamente uma decisão do partido, retirando a sua candidatura para fechar com um nome de outro partido, como Wilson Santiago, por exemplo.
Depois, manda outro recado: “Só devo me posicionar, quando o partido se decidir. Meu nome está posto, então não posso trabalhar com outra hipótese que não seja ser candidato até sair o resultado. Quando for anunciada a decisão do PSDB, aí eu anuncio a minha.” Também uma advertência, de quem sinaliza para qualquer tipo de reação, caso seja mesmo defenestrado.
Por fim, Cícero externa a matriz de suas mágoas: “Eu não tenho conversado com o presidente do partido meu partido, Ruy Carneiro, nem com o senador Cássio Cunha Lima sobre assuntos políticos e partidários há cerca de 60 dias, e por isso aguardo a decisão dos dois sobre essa situação relativa à minha candidatura.” Cícero está mesmo magoado.
Mas, pela primeira vez, ele poderá reagir. Como se sabe, em 2002, Cícero recuou em disputar o Governo, para apoiar Cássio Cunha Lima, a pedido de Ronaldo Cunha Lima. Em 2010, também a pedido de Cássio, ele abdicou da candidatura ao Governo. Cássio havia decidido apoiar Ricardo Coutinho. Agora, ante a iminência de ser novamente preterido, Cícero ameaça abrir mão da cordialidade.
Não está claro que decisão Cícero pode tomar, caso o partido mantenha a tendência de defenestrar sua candidatura ao Senado. Assessores próximos admitem que ele pode, inclusive, deixar a vida pública. Mas, há quem aposte em algo mais radical, como o apoio a um adversário de Cássio e Ruy Carneiro.