RC desdenha de servidores, descumpre decisões judiciais e ridiculariza oposição
O governador Ricardo Coutinho está com a corda toda. Após conseguir o que parecia impossível há um ano, que foi sua reeleição, ele estendeu seu latifúndio político até a Assembleia, que desapropriou para consumo próprio, encurralou o Judiciário e não tem mais resistência. Apenas uma tênue oposição, que se manifesta vez ou outra com lampejos, e alguns surtos de rebeldia no funcionalismo.
Ancorado em plenos poderes, Ricardo Coutinho desdenha dos servidores com um aumento de 1%, que certamente entrará para o Guinness como o menor do mundo, e descumpre olimpicamente todas as decisões judiciais que não são do seu agrado. Não tem dado à mínima para as manifestações que os servidores têm promovido nos últimos dias, às portas do Palácio da Redenção.
E por que dá satisfações? O governador tem o comando do Legislativo, onde havia uma trincheira de resistência, e não teme o Judiciário, que tem se mostrado absolutamente impotente em fazê-lo cumprir mesmo as decisões mais comezinhas. Ricardo aposta no cansaço nas manifestações dos servidores. Por isso a sua estratégia do desdém. Não há necessidade de dar satisfações à sociedade, já que foi reeleito.
Acima do bem e do mal, o governador fulminou conquistas trabalhistas do pessoal do Fisco, dos médicos, do pessoal do antigo Ipep, do Der, reduziu de forma ilegal os vencimentos dos técnicos administrativos, não cumpre os planos de cargos e salários do funcionalismo, não contrata os concursados da Polícia Civil (apesar de decisões judiciais em contrário), segue fazendo nomeações sem concurso no atacado. E ainda vai passar o carnaval em São Paulo…
Simples assim. Há o risco, é claro, de, em algum momento, as manifestações dos servidores ganharem corpo e conseguirem sensibilizar a sociedade. Não se pode perder de vista que existe uma insatisfação latente entre os paraibanos por conta da escalada de violência, algo que não tem partido, mas apenas a vida e os bens das pessoas, e isso pode ajudar a aquecer o caldeirão.
Mas, o governador, pelo visto, aposta no caráter pacato dos cidadãos que, mesmo acossados pelo desacerto governamental, e não apenas na área de segurança, alimentam esperança de que, em algum momento, as coisas vão mudar. E assim aprofunda seu estilo autoritário para sufocar resistência de algum segmento mais atrevido. Pode-se dizer que o governador este em seu habitat natural, com um regime bem próximo do stalinismo.