Mais de 2,3 milhões de vozes mandam um duro recado ao Governo
AVENIDA PAULISTA
COPACABANA
BRASILIA
Lula, Dilma, o PT e aliados cometerão um erro brutal se desdenharem das manifestações que marcaram o 15 de março em todos os Estados do País, distribuídas por 160 cidades e que levaram mais de 2,3 milhões de pessoas às ruas. Apenas em São Paulo, o epicentro da maior revolta contra o governo petista, estima-se em mais de um milhão de brasileiros.
É prudente não esquecer que, em 1984, um milhão de pessoas tomou a Candelária, no Rio de Janeiro, para pedir Diretas Já. Em setembro de 1992, mais de um milhão de brasileiros, dos quais 750 mil apenas em São Paulo, foram às ruas pedir o impeachment do então presidente Collor de Mello. O resultado todos sabemos. Por isso, convém Lula, Dilma, PT e aliados não desdenharem.
E é bem possível que o levante nacional não tenha sido ainda maior, porque, diferente de 1992 quando os brasileiros viam no vice Itamar Franco um substituto para Collor, agora não se vê na linha do horizonte um sucessor capaz de dar as respostas que as pessoas foram às ruas cobrar. Michel Temer? Eduardo Cunha? Renan Calheiros? Nenhum deles entusiasma seriamente os brasileiros.
É isso que tem dado sobrevida à presidente Dilma. Poderia estar pior, porque o que se tem visto no Brasil dos últimos tempos extrapola o limite da tolerância. O que dizer, por exemplo, do estelionato eleitoral em que todas as promessas da última campanha foram rigorosamente descumpridas? Como esperar que o brasileiro tolere impavidamente a escalada de aumentos que corroem os salários do trabalhador?
Como imaginar que um escândalo das proporções do Lava Jato, Petrobrás e outros sejam tratados como coisa banal, porque “vem de outros governos”? Quer dizer, então, que se alguém roubou no passado, fica institucionalizado o roubo hoje? Esse cinismo tem acabado com a tolerância do cidadão. E ninguém aguenta mais pagar por uma conta gerada pela rapina e a incompetência do poder público.
Se a presidente Dilma tivesse comunicado a real situação do Brasil nas eleições de 2014, certamente o brasileiro teria mais complacência em analisar as duras medidas que vem adotando. E se o Governo tivesse a coragem de assumir sua culpa no escândalo da Petrobrás, provavelmente não seria tratado a panelaços como vem sendo fritado atualmente. Mentir tem seu preço. Um dia, alguém terá de pagar.
A nação mandou um eloquente recado para Lula, Dilma, o PT e aliados neste 15 de março. Resta saber se os brasileiros irão ficar sem as respostas que cobraram do Governo, com mais de 2,3 milhões de vozes, que certamente representaram a maioria do povo brasileiro. Convém não desdenhar.