Governador impõe sua cartilha política na Assembleia
Não demorou muito para o governador Ricardo Coutinho enquadrar a Assembleia, após a mudança de direção na Casa. Na semana passada, impôs uma derrota nos demais poderes que reivindicavam a derrubada de seu veto às emendas da LOA 2015. No final, até mesmo deputados que votaram com o projeto originalmente em favor da Defensoria Pública, por exemplo, deram marcha à ré e mantiveram os vetos.
Ou seja, votaram contra eles próprios. A cada dia, mais uma vitória do governador. A última delas foi na Comissão de Constituição e Justiça, tão bem entregue (pelo governador) nas mãos da aliada Estela Bezerra, que foi logo aprovado o fim do voto secreto. Uma surpresa porque, como bem disse o deputado Renato Gadelha, líder da oposição, nem na eleição da papa tem voto aberto.
O voto aberto interessa ao governador especialmente, porque deputados que, na intimidade, não concordam com a aprovação de certas matérias, de público assumem outra postura, com receio de alguma represália do Governo. É simples. Com isso, RC vai ampliar ainda mais a sua capacidade de aprovar o que bem entender na Casa. Qualquer matéria de seu interesse e ponto final.
Especialmente se chegar, como deve chegar, algum pedido da Justiça, para julgar o governador, ou até mesmo para tratar de intervenção no Estado, como pede uma ação movida pelos procuradores do Estado, a legislação diz que precisa passar pelo crivo da Assembleia. Está claro que, nessas circunstâncias, jamais os deputados, mesmo aqueles mais revoltados, irão votar contra sua excelência. Não com o voto aberto.