CPI na Câmara vai apurar os bilhões de dólares do BNDES aplicados em obras no exterior
Após terem conseguido o número suficiente de assinaturas (198 deputados), líderes da oposição protocolaram na Secretaria-Geral da Câmara federal o pedido de criação de uma CPI do BNDES. Os parlamentares querem apurar os empréstimos secretos concedidos a países como Angola e Cuba e os contratos com empresas envolvidas na Operação Lava Jato.
No requerimento protocolado, os deputados argumentam que os termos desses contratos (para obras no exterior) só poderiam ser conhecidos pelos brasileiros em 2027, em função de uma decisão do Governo Federal. O Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior classifica os documentos de “secretos”, para manter seu sigilo.
O documento traz operações em atraso da carteira de créditos do BNDES. Pra se ter uma ideia, o montante total de parcelas de financiamento inadimplentes saltou de R$ 412,9 milhões em junho de 2014 para R$ 4 bilhões em setembro, crescimento de 976%. No mesmo período, em 2013, a variação de um trimestre para o outro foi de R$ 126,6 milhões para R$ 132,7 milhões.
Obras no exterior – Os parlamentares também citam contratos que já saíram carimbados para determinadas empreiteiras. Exemplos: a Odebrecht obteve financiamentos de US$ 957 milhões para o Porto de Mariel (Cuba), US$ 243 milhões para a Hidrelétrica de San Francisco e US$ 124,8 milhões para a Hidrelétrica de Manduruacu, ambas no Equador.
Mais US$ 320 milhões para a Hidrelétrica de Cheglla, no Peru, US$ 1 bilhão para o Metrô da Cidade do Panamá e US$ 152,8 milhões para a Autopista Madden-Colón, ambas as obras no Panamá, afora US$ 1,5 bilhão para Soterramento do Ferrocarril Sarmiento, na Argentina; US$ 732 milhões para as Linhas 3 e 4 do Metrô de Caracas e US$ 1,2 bilhão para a segunda ponte sobre o rio Orinoco, na Venezuela.
E mais: US$ 200 milhões para o Aeroporto de Nacala e US$ 220 milhões para o BRT de Maputo, ambas as obras em Moçambique.
Já a OAS foi contemplada com US$ 180 milhões para o Aqueduto de Chaco, na Argentina e a Andrade Gutiérrez, com US$ 450 milhões para Barragem de Moamba Major, em Moçambique. A Queiroz Galvão ficou com Hidrelétrica de Tumarin (Nicarágua), por US$ 1,1 bilhão e US$ 199 milhões em obras na Bolívia (Projeto Hacia El Norte – Rurrenabaque-El-Chorro).
Na verdade, são mais de três mil contratos, conforme documento lido na Câmara Federal.