A presidente da API e o stalinismo do governador contra os jornalistas
Durante as eleições do ano passado, o governador-candidato Ricardo Coutinho decidiu impetrar uma AIJE (Ação Judicial de Investigação Eleitoral) contra 15 jornalistas, sob alegação de que eles estariam inviabilizando a sua reeleição com reportagens contrárias ao seu projeto. Bem, a AIJE está em tramitação e, no último dia 15, houve a primeira audiência no TRE com a presença das testemunhas.
Uma das testemunhas foi a jornalista Marcela Sitônio, presidente da API (Associação Paraibana de Imprensa) que, após a audiência, decidiu postar um texto no Facebook, questionando a ação movida pelo governador com o único intuito de tentar intimidar os jornalistas. Um comportamento stalinista conhecido na praça.
Diz Marcela: “Lamento que a nossa Justiça Eleitoral, tão sobrecarregada de processos mais significativos do ponto de vista de interesse da sociedade, tenha que perder tempo por contingência do dever, para ouvir depoimentos durante horas a fio e ainda precisar julgar uma AIJE “caprichosa”, inconsistente e inoportuna.” Confira o texto na íntegra:
“ASSIM FICA DIFÍCIL.
Ao longo dos meus muitos anos de profissão, não lembro ter feito parte de uma cena tão hilária, como a audiência da qual participei ontem (15) no Tribunal Regional Eleitoral da Paraíba (TRE-PB). Fui depor em favor de alguns colegas jornalistas, alvos de uma Ação de Investigação Judicial Eleitoral (AIJE), impetrada pelo Excelentíssimo governador paraibano, candidato à reeleição na época.
Vamos recordar. A menos de 72 horas de acontecer o pleito passado, o candidato socialista, com o aval da coligação PT E PMDB, alegou estar sendo prejudicado pelo noticiário desfavorável à sua reeleição, logo acionou a Justiça Eleitoral para tirar programas de rádio, televisão, portais e blogs do ar por três dias. Seus advogados requereram, através de uma AIJE, a abertura de apuração de investigação judicial contra vários jornalistas.
Na audiência de ontem, o jurídico do atual governador, signatário da ação, fez perguntas tão desconexas e subjetivas, quanto às alegações apresentadas na AIJE. Lamento que a nossa Justiça Eleitoral, tão sobrecarregada de processos mais significativos do ponto de vista de interesse da sociedade, tenha que perder tempo por contingência do dever, para ouvir depoimentos durante horas a fio e ainda precisar julgar uma AIJE “caprichosa”, inconsistente e inoportuna.
A ação é tão sem fundamento que o proponente foi reeleito, independente das criticas “prejudiciais” dos jornalistas.
Não considero republicano os paraibanos clamando por segurança, professores reivindicando melhores salários, jornalistas sendo demitidos por conta de uma crise sem precedentes nas empresas de comunicação e o governo ocupado em punir profissionais da imprensa só porque ousaram apresentar o contraditório. Para que gastar dinheiro com advogados desnecessariamente?”
Mais em https://goo.gl/80KGEw.