Violência em Campina Grande incendeia a divisão entre as Policias Civil e Militar
A violência que eclodiu em Campina Grande terminou por expor uma queda de braço entre as Polícias Civil e Militar. A Secretaria de Segurança, no intuito de mostrar atuação no caso conhecido como a Quarta-Feira de Fogo e os incêndios dos ônibus, distribuiu nota revelando a prisão de quatro suspeitos. Segundo o comunicado, a operação teria sido resultado de uma operação conjunta entre as duas policias.
Mas, logo depois, a Adepdel (Associação de Defesa das Prerrogativas dos Delegados de Polícia do Estado da Paraíba) divulgou nota, assinada pelo seu presidente Cláudio Lameirão, rebatendo a Secretaria e afirmando que “sob o comando dos delegados Henry Fábio e Jorge Luis, efetuaram a prisão de quatro pessoas que portavam armas, drogas, recipientes com gasolina e coquetéis molotov”.
Diz ainda: “Nota emitida pela Secretaria da Segurança e da Defesa Social, de forma totalmente equivocada, afirmava que as prisões teriam sido efetuadas em operação conjunta entre a Polícia Civil e Militar, o que não aconteceu, pois as prisões foram feitas exclusivamente pela Polícia Civil.”
A resposta veio logo a seguir com nota do Clube dos Oficiais: “entendemos que o Diretor Presidente da Adepdel está equivocado quando exige a exclusividade do reconhecimento apenas para uma instituição. Como num time de futebol, quando um jogador faz o gol o técnico ao final sempre elogia todo o time, pois o mais importante é a vitória. Num momento em que todos buscam a integração para enfrentarmos uma crescente escalada de violência e de criminalidade, este tipo de atitude vai na contramão da história.”
O episódio expôs claramente a divisão que atualmente existe entre as duas policiais. Há alguns dias, um delegado chegou a dizer que os policiais militares eram “trabalhadores braçais”, o que ensejou uma imediata reação das entidades que representam a categoria, rebatendo a declaração, e exigindo um reparo para o que se considerou ser um “ultraje”.
Pode estar ai uma das explicações para a precariedade do sistema de Segurança Pública do Estado, sob direção girassol: ora se com as policiais unidas já é difícil enfrentar os bandidos, imaginam com as corporações desunidas.
NOTA DA ADEPEDEL:
“Nos últimos dias, os moradores da cidade de Campina Grande viveram momentos de apreensão, muito mais pelo populismo penal midiático, com homicídios ocorridos, inclusive, com a queima de um ônibus, após o mesmo ser assaltado. Na noite da sexta-feira (15), tal fato, queima de mais um ônibus, novamente aconteceu.
Infelizmente, o crime é inerente à sociedade, como já dizia Émile Durkheim. E para investigar, instrumento de defesa de direitos fundamentais com fulcro constitucional e convencional, elucidar e enfrentar aqueles que se desvirtuam do cumprimento de seus deveres, cometendo crimes, existe a polícia civil.
Em razão de tais acontecimentos, e em resposta ao clamor da sociedade campinense, há dias a Polícia Civil, vem trabalhando diuturnamente e sem parar nas últimas 48 horas para a prisão dos indivíduos que estariam cometendo tais ilícitos, causando temor à população. E no dia de hoje, agentes da Delegacia de Roubos e Furtos de Campina Grande, uma das unidades policiais protagonistas pela elucidação de inúmeros crimes de repercussão em nosso Estado, e por corolário reduzir, sensivelmente, os índices criminais, sob o comando dos delegados Henry Fábio e Jorge Luis, efetuaram a prisão de quatro pessoas que portavam armas, drogas, recipientes com gasolina e coquetéis molotov.
No decorrer das investigações, foram trocadas informações entre as polícias civil, militar e federal, que colaboraram para o desfecho positivo, com as prisões efetuadas pela Delegacia de Roubos e Furtos.
No dia de ontem, nota emitida pela Secretaria da Segurança e da Defesa Social, de forma totalmente equivocada, afirmava que as prisões teriam sido efetuadas em operação conjunta entre a Polícia Civil e Militar, o que não aconteceu, pois as prisões foram feitas exclusivamente pela Polícia Civil.
Uma das ações mais gratificantes para o servidor público é o reconhecimento. E aqui, esta Associação vem parabenizar todos os envolvidos pelo trabalho profícuo, e em especial, aos policiais civis da Delegacia de Roubos e Furtos de Campina Grande, que não mediram esforços para fazer seu trabalho e trazer a paz e a segurança de volta ao povo campinense.
Diante do exposto, reiteramos nossa cobrança à Secretaria de Segurança para implementar, urgentemente, a já devidamente autorizada por nosso governador, Delegacia de Repressão ao Crime Organizado para fortalecer o trabalho da Polícia Civil, e beneficiar nossa população.
Destarte, a ADEPDEL reafirma o compromisso com o povo paraibano que sabe que pode contar com seu apoio e trabalho no momento de necessidade e urgência que qualquer cidadão deste Estado.
Cláudio Marcos Romero Lameirão
Diretor Presidente”
NOTA DA POLICIA MILITAR:
“A ADEPDEL – Associação dos delegados – PB publicou uma NOTA DE ESCLARECIMENTO corrigindo uma nota da Secretaria de Segurança (SEDS), que destacou o resultado de uma operação conjunta entre a Polícia Civil e a Polícia Militar, que culminou com a prisão de alguns criminosos, tendo em vista os últimos ocorridos que causou inquietação na população Campinense, com mortes e até incêndio a três ônibus.
Diz a nota da ADEPDEL textualmente: “No decorrer das investigações, foram trocadas informações entre as polícias civil, militar e federal, que colaboraram para o desfecho positivo, com as prisões efetuadas pela Delegacia de Roubos e Furtos”. Portanto, como afirmou a própria Secretaria de Segurança foi uma operação conjunta, integrada, que é a palavra mais pronunciada nos dias de hoje, quando se trata de Segurança Pública.
Deste modo entendemos que o Diretor Presidente da ADEPDEL está equivocado quando exige a exclusividade do reconhecimento apenas para uma instituição. Como num time de futebol, quando um jogador faz o gol o técnico ao final sempre elogia todo o time, pois o mais importante é a vitória.
Num momento em que todos buscam a integração para enfrentarmos uma crescente escalada de violência e de criminalidade, este tipo de atitude vai na contramão da história.
Senhor Presidente, a sociedade não está interessada se tal ou qual polícia cumpriu as suas atribuições. Ela, a sociedade, clama por mais segurança, venha de onde vier. Portando não podemos deixar de reconhecer e enaltecer também estes honrosos Policiais Militares e Bombeiros do Soldado ao Coronel Cmt de área Cel João da Mata, Cmt dos Batalhões Maj Gilberto/Maj Sergio e todo os abnegados policiais do 2º e 10º batalhão pelo esforço, dedicação e acima de tudo respeito a sociedade Campinense neste momento de extrema dificuldade.
Deste modo, a Secretaria de Defesa Social, na pessoa do seu titular, nada mais fez do que reconhecer o esforço dos órgãos do Sistema de Defesa Social, que de forma integrada, conseguiu efetuar algumas prisões na cidade de Campina Grande.
Outras operações e outras prisões Senhor Delegado ainda deverão ser realizadas, e cada vez mais as instituições policiais precisam atuar de forma INTEGRADA para minimizar a sensação de insegurança, que hoje é um dos grandes clamores da sociedade. Isto é o que importa.
Por fim, reafirmamos nossa lealdade com os companheiros da Policia militar/Bombeiros e Policia civil, bem como nosso compromisso com o povo Paraibano, buscando acima de tudo ofertá-los com uma melhor segurança, mesmo diante das dificuldades que nos são impostas.
FRANCISCO DE ASSIS SILVA – CEL PM
PRESIDENTE DO CLBUE DOS OFICIAS
MAQUIR ALVES CORDEIRO CEL PM
PRESDENTE DA CAIXA BENEFICENTE”