O vento e a tempestade
Quem planta ventos colhe tempestades. Foi o que colheu, nessa terça-feira, na Assembleia, nosso ínclito, preclaro e insigne governador Ricardo Coutinho. Há tempos não se via um governante ter tantos vetos derrubados pela oposição e, pior, com o apoio de deputados da sua própria bancada.
Foi uma votação desmoralizante para o Governo que, após um ano de inquilinato, não consegue convencer sua bancada a seguir suas orientações, seja por que não exercita a democracia, seja porque não consegue dar respostas às promessas de campanha que lastrearam a sua eleição em 2010.
Há um claro desencanto até entre seus seguidores com sua gestão. E, mais que isto, reina um sentimento de indignação crescente na população contra um Governo que não cumpre leis (seria demais esperar que cumprisse as promessas) e só é realmente ágil para demitir servidores e perseguir.
De um total de 16 vetos do governador, sete deles foram humilhantemente detonados em plenário, com uma margem que não deixa dúvida: o governador não tem controle sobre sua bancada e nem maioria na Casa. Ou tem apenas para algumas matérias. É um quadro que beira à ingovernabilidade.
É cenário tão assombroso que, por exemplo, se fosse posto em votação, ontem, um pedido de cassação de seu mandato (impeachment), certamente teria sido aprovado. Situação única na Paraíba. Nenhum dos mais recentes governadores do Estado passou por uma situação tão vexatória.
O senhor governador nem pode responsabilizar os deputados, afinal, eles que estão mais próximos dos cidadãos, recebem a pressão de quem se frustrou com um governador, cujo discurso de campanha em nada de assemelha à sua prática administrativa. Talvez tenha sido o pior início de um Governo na Paraíba.
Entre o cidadão, que vota, e o Governo, que promete e não faz, os deputados terminam optando pela sobrevivência política, porque já entenderam como pensa a maioria dos paraibanos, após um ano e quase três meses de Governo. Pode-se dizer que o governador recebe o duodécimo na proporção que paga.