Afinal, Cássio está só?
Rei morto, rei posto. Quando governador da Paraíba, no auge da popularidade política, Cássio Cunha Lima comandava um exército de fieis seguidores que, ao menor sinal de desfeita contra ele, reagia até com extrema ferocidade em sua defesa. Quem não lembra a bravura dos deputados cassistas na Assembleia contra qualquer crítica da oposição?
Por isto, causou espécie a passividade dos atuais seguidores de Cássio, em meio a esse episódio em que o tucano foi impedido de participar da audiência com o ministro Fernando Bezerra (Integração) em Brasília. Não se ouviu uma só voz em sua defesa. Pelo menos nas três horas que se passaram até o governador RC se justificar que houve apenas um desencontro.
Noutros tempos, com certeza, o exército cassista nem esperaria a poeira assentar para revidar. O contra-ataque seria fulminante. Já foi assim antes. Por isto, imagina-se como deve ter sido algo decepcionante constatar o quanto vários aliados, muitos deles que até lhe devem o mandato, se amofinaram. Alguns por sobrevivência, outros por mera covardia.
Imagine, agora, meu caro Paiakan, se o episódio ocorresse ao contrário. Se Cássio tivesse uma audiência com uma determinada autoridade, levasse deputados da bancada federal e deixassem o governador RC falando sozinho na antessala. Com certeza haveria troco, pois o coletivo (se ainda existe) ricardista não é de levar desaforos pra casa. Rei morto, rei posto.
Foi talvez ruminando nessas e noutras questões, quem sabe até de maior envergadura, que o senador tucano retornou do Ministério da Integração para o Senado, na noite desta terça (dia 24), aonde chegou com uma cara de poucos amigos. Meditando talvez entre aceitar a justificativa de RC e engolir o seu jantar, ou atender ao chamado selvagem.