E se a pendenga entre Agra e RC for apenas teatro?
Claro que pode ser teatro. É difícil acreditar que as escaramuças no PSB, tornadas publicas, sejam jogo de cena, mas pode acontecer. Foram trocas de farpas pesadas. Primeiro, representaram uma insubordinação do prefeito Luciano Agra e seguidores contra uma orientação do governador Ricardo Coutinho no apoio a Estelizabel. Pega mal perante a opinião pública. Revela tibieza do chefe.
Depois, o ataque ao prefeito foi sistemático e feroz, incluindo até mesmo a primeira-dama Pâmela Bório, por suas críticas à Saúde e uma exaltação quase afrontosa da candidatura de Estelizabel Isabel, sabendo do desejo oculto de Luciano Agra pela reeleição. Afora, o bombardeio da vereadora Sandra Marrocos, impiedosa contra o prefeito e, especialmente, a secretária Roseana Meira.
Mas, claro, pode ser apenas teatro. Durante as últimas semanas, em que tem persistido a troca de farpas, o PSB se manteve nos holofotes, não exatamente com luz e brilho, mas esteve presente no noticiário, relegando para o segundo plano os projetos das principais candidaturas de oposição. Sob este ponto de vista, pode ser considerado um efeito interessante, tipo fale mal, mas fale.
Porém, se é teatro, então as demissões protagonizadas por Agra e contestadas por ricardistas, ou o afastamento de aliados do prefeito e até de seu aliado secreto Nonato Bandeira no Governo RC foi de araque? Então o que dizer dos que se sacrificaram entre um ato e outro? Não é fácil imaginar um teatro com tantos figurantes, sem um deslize sequer no script, afinal são muitos atores para controlar.
De qualquer forma, se for teatro, com objetivo de, mais adiante, juntar todos os cacos no mesmo barco, pode ser uma ideia brilhante. Só que, devido a todo o risco envolvido, é pouco inteligente. E se a população descobrir que tudo não passou de encenação mambembe para tentar vencer a eleição com um engodo? Como irá reagir o eleitor, sabendo que pode ter sido vítima de uma tramoia?
Se for teatro, nessas circunstâncias, toda essa estratégia nem ajudará a Estelizabel, caso ela vá até o último ato, muito menos ao prefeito Luciano, se retornar à ribalta. Agra ainda mais, porque perderá o seu principal trunfo dessa ópera, que tem sido se fazer de vítima. Não pega bem saber que ele pregou uma peça no cidadão. Nesse caso, se for teatro, o que parece hoje uma comédia pode ficar dramático. Ou trágico.