Afinal, a quem pertenciam as armas usadas no assassinato de Bruno Ernesto?
O inquérito policial foi, por assim, um primor de eficiência. Afinal, quatro meses depois do assassinato do jovem Bruno Ernesto Moraes, a Polícia já havia concluído a investigação com o enquadramento de todos os suspeitos. O inquérito poderia ter sido uma peça antológica, não fosse por um pequeno detalhe: apesar de ter o número de série das armas usadas no crime, a Polícia não identificou os proprietários.
Elementar, meu caro Watson. Como então, a Polícia tem acesso às armas do crime, comprova sua utilização no assassinato, identifica o número de série, inclusive da munição, mas não chega aos donos? Seriam os donos os próprios bandidos? Se não, de quem seriam? Foi essa a indagação que os pais de Bruno Ernesto, Inês e Ricardo Figueiredo, se fizeram e levaram à Procuradoria Geral da República em Brasília, há poucos dias.
O fato levanta, então, novos elementos sobre o assassinato de Bruno Ernesto, à época do crime diretor de Infraestrutura e Suporte da Prefeitura de João Pessoa ( em 7 de fevereiro de 2012) e sua inevitável associação com o escândalo do Jampa Digital, pois era um dos coordenadores do programa que, dois anos depois, foi escândalo nacional, através de extensa reportagem do Fantástico (Rede Globo). Mais em goo.gl/bX2CK8.
O crime – Como se sabe, naquela noite, por volta das 19h, Bruno foi sequestrado pela quadrilha próximo a sua residência, no bairro dos Bancários, colocado na mala do próprio carro (um Corsa Sedan) e levado a uma área deserta da Zona Sul. Após se apropriarem de seus bens, inclusive um notebook, ele foi assassinado com um tiro na nuca, mesmo pedindo para não ser morto. Revelação de um dos criminosos.
O tiro na nuca, para a Polícia, é sinal de um crime de execução. As vezes, por encomenda. Em entrevista à Imprensa, alguns bandidos chegaram a admitir terem sido contratados para realizar “o serviço”. Também restou comprovado que eles sabiam de toda a rotina de Bruno, antes de executar o plano. Tinham, como se suspeitou, informações privilegiadas sobre seu trajeto.
Eles foram presos, quando dirigiam o carro por um bairro de João Pessoa. Segundo o inquérito, concluído poucos meses depois, o caso foi de latrocínio. Os sete foram julgados e condenados, com pena máxima. E o caso foi dado como encerrado.
Indagações persistem – Porém, a indagação mais pertinente persiste. Como bem registrou o jornalista Clilson Júnior: “O óbvio ululante para qualquer cidadão seria descobrir a “paternidade” das armas e munições, já que em suas estruturas existem informações indicativas de marca, calibre e número de séries visíveis a olho nu. Porque não saber os proprietários das as armas encontradas na cena do crime e quem comprou as munições?”
E as armas identificadas como sendo do crime foram dois revolveres Taurus, com numeração ND95941 e 1180890. Mais que isto, a Polícia descobriu que as munições usadas no crime foram de calibre .38 tipo SPL + P de marca CBC Hollow Point (dumdum) com o seguinte numeração de lote “AHQouO92”. A quem pertenciam essas armas, afinal? E quem comprou essas munições?
Já que a Polícia não foi atrás dessas respostas, o esclarecimento só pode ser dado agora pelo Serviço Nacional de Armas, da Polícia Federal, que possui o cadastro de armamento. Elementar, meu caro Watson. Encontrar o dono da arma e o comprador das munições seria um grande passo para esclarecer se o que houve com Bruno Ernesto foi latrocínio ou execução. E sendo execução, por que? (Com ClickPB)