Seca vira pretexto para Governo perseguir e mascarar inoperância
Vamos combinar e deixar de hipocrisia: o Governo Ricardo Coutinho não vai ajudar o Maior São João do Mundo e outros eventos juninos por causa da seca. Isso é conversa pra enganar incautos. Não vai ajudar por questões políticas. E devia assumir abertamente. Usar a seca como pretexto é agredir a inteligência dos paraibanos.
Pode até parecer simpático o discurso de que não vai gastar dinheiro com festas por causa da estiagem. O nosso ínclito, preclaro e insigne governador parece desconhecer que ocorrem seca desde o descobrimento do Brasil e antes. Mas, nem por isto, os nordestinos deixaram de praticar manifestações culturais como os festejos juninos.
E olha que os tempos eram outros e a seca atingia uma população muito maior, diferente de hoje, quando a maioria dos paraibanos está concentrada nos centros urbanos, onde os efeitos da estiagem são menos críticos. Além do mais, eventos juninos, há muito deixaram de ser despesas, para ser investimento no turismo de eventos.
Eventos desse porte costumam levar empregos e rendas para a população. É fato, não é simpatia junina. Pergunta para o pessoal do comércio, rede hoteleira, bares e restaurantes o que ocorre no período do São João de Campina, Patos, Itaporanga, apenas para citar três. O Governo não investe por estiagem de visão e excesso de perseguição.
Pergunta para o governador Eduardo Campos, de Pernambuco, se ele tem coragem de não investir no São João de Caruaru. E a realidade do interior pernambucano em nada difere da Paraíba. A diferença é que, no vizinho, o governador, por exemplo, não demitiu 30 mil servidores, isto sim calamidade capaz de causar mais estragos que uma seca.
É perfeitamente possível para um Governo eficiente combater os efeitos da seca (até porque deveriam ser ações permanentes para um Estado em grande parte mergulhado no semi-árido) e, ao mesmo, seguir mantendo suas promoções culturais. Até porque turismo de eventos traz alternativas para quem passa dificuldades com a seca.
Por que o nosso ínclito, preclaro e insigne não tem a mesma bravura para lutar pela instalação de fábricas como a Fiat na Paraíba? Por que não pugna por um porto de águas profundas ou um novo aeroporto de respeito? Por que sua valentia é apenas para afrontar professores, médicos, fiscais de renda ou peitar políticos adversários?
A maior calamidade não é a seca. Ela existe desde sempre. A maior calamidade é a seca de ações do Governo (e não apenas este). É a falta de diálogo que afugenta empresários por causa da intransigência com o pessoal do Fisco. A maior calamidade é a insegurança, o colapso no sistema de saúde terceirizado, o fechamento de escolas.
O mais, meu caro Paiakan, é conversa fiada para justificara inoperância em dar respostas às demandas do Estado. O problema é que esse Governo, ao assumir, acendeu uma fogueira de vaidades e só consegue dar saltos em torno dela.