Petistas voltam às ruas e mostram que, diferente de Collor em 1992, haverá resistência ao impeachment
É no mínimo imprudente quem compara e vê simetria do atual cenário no processo de impeachment da presidente Dilma com a cassação de Collor de Mello em 1992. A partir do mais elementar: Collor não tinha militância. Quando ele convocou a população a ir às ruas defender seu mandato, os brasileiros vestiram luto e deram a senha ao Congresso Nacional.
No cenário atual, apesar da gigantesca manifestação pró-impeachment de 13 de março, não se pode perder de vista que o PT tem militância. Nos últimos quinze dias, eles foram às ruas em duas manifestações, em 18 e, agora, 31 de março, com muita animosidade. Não se compara em quantidade ao protesto pelo impeachment, mas é gente disposta a lutar.
É evidente que a maioria dos brasileiros está contra o Governo Dilma. Todas as pesquisas mostram isso e em números acachapantes. A presidente Dilma tem apenas 10% de apoio, conforme números, que nem o PT rebate, porque não se briga contra números. É um percentual muito pequeno de apoio e os parlamentares certamente são sensíveis a esta realidade.
Mas, a militância petista resiste, como mostraram as manifestações desta quinta (dia 31) em todo o País. Foram mais de 150 mil pessoas em todo o País, segundo estimativas da Polícia Militar, e 800 mil para os organizadores. O detalhe foi que, em São Paulo, os manifestantes mudaram a tradicional Avenida Paulista pela Praça da Sé, onde, segundo a Policia Militar, havia cerca de 18 mil pessoas.
Desta vez, o alvo preferencial foi o vice-presidente Michel Temer, tachado de golpista. Mas, os petistas também não esqueceram o juiz Sérgio Moro.
Ou seja, pode até ocorrer o impeachment, mas não será fácil como foi com Fernando Collor em 1992.