Decisão de presidente interino da Câmara põe dúvida sobre o processo de impeachment
Eis que o processo do impeachment foi interrompido. E foi surpreendente, ou nem tanto. O deputado Waldir Maranhão (PP-MA), presidente interino da Câmara Federal, já havia votado contra o impedimento da presidente Dilma. Aliás, seu voto foi muito comentado, afinal sempre foi de amplo conhecimento suas ligações com o presidente afastado, Eduardo Campos.
Agora, independente de o deputado ter sido orientado pelo ministro José Eduardo Cardozo (Advocacia Geral da União) ou pelo governador Flávio Dino (PCdoB-MA), a verdade é que Waldir causou um tsunami de grandes proporções e já marcou sua presença como presidente da Câmara. Seja qual for o desfecho de sua iniciativa ao anular a votação do impeachment.
Talvez Waldir Maranhão tenha preferido ir para a ofensiva, ao perceber que, logo após sua posse em substituição a Eduardo Cardozo, já se comentava a possibilidade do Supremo votar seu afastamento, uma vez que, a exemplo de Cunha, também é réu na Operação Lava Jato, por recebimento de propinas. Com sua decisão, o processo de impeachment entra no limbo. Vai depender dos próximos passos.
Há recursos sendo gestados para tentar derrubar a decisão do deputado junto ao Supremo Tribunal Federal, mas dificilmente a matéria será apreciada pela Corte ainda esta segunda-feira (dia 9). Assim, fica a dúvida se o Senado vai mesmo iniciar o processo de votação do relatório do senador Antônio Anastasia, que foi pelo acolhimento do impedimento da presidente Dilma.
A previsão anterior era que a votação seria concluída nesta quarta (dia 11) ou, no máximo, até a sexta-feira. Agora, tudo é dúvida. Resta saber que o Senado prosseguirá com o processo, indiferente à decisão de Waldir Maranhão, ou se irá aguardar um pronunciamento do Supremo Tribunal Federal.
Petição – Em sua decisão monocrática, Waldir Maranhão acolheu, parcialmente, petição do ministro José Eduardo Cardozo, que requereu a anulação da votação do impeachment. A deliberação do deputado visa anula todas as votações realizadas na Câmara, especialmente no dia 17 de abril, quando o impeachment foi votado.