Sai Dilma, entra Temer, mas o Brasil irá melhorar? Se Governo Temer fracassar, Dilma pode voltar
Esta é uma quinta-feira que poderá não acabar tão cedo. Há dias que são assim. Se, para alguns, a catarse do impeachment foi motivo de contentamento e até a possibilidade de tripudiar sobre adversários, para outros, significou talvez o começo do fim de um sonho. Mas, manda a prudência que Michel Temer, o principal beneficiário desse processo, não esqueça de que o País vive um pesadelo.
Se tiver um mínimo de sensatez, não encontrará motivos para comemorar. Aliás, se até agora, era Dilma Rousseff quem governava com a espada (do impeachment) sobre a cabeça, a partir desse momento, será ele, Temer, quem terá de conviver com uma permanente ameaça. Os brasileiros não irão perdoar um novo desastre. Ou Temer dá respostas, e rápidas, ou poderá não concluir seu curto mandato.
Por isso, não sabemos quanto tempo irá durar esta quinta-feira do impeachment. Grosso modo, Temer não começa precisamente bem. Ótimo, está anunciando a redução no número de ministérios, como um sinal de cortar gastos. Mas, depende. Reduzir ministérios nem sempre significa cortar gastos, afinal pode manter os privilégios, as mordomias e no fim ficar como dantes no quartel de Abrantes.
Por outro lado, Temer tem como núcleo duro um time que, convenhamos, não é algo para se orgulhar. Figuras como Romero Jucá, talvez o mais longevo no poder dos políticos em atividade. Serviu a todos os Governos mais recentes. Geddel Vieira não é exatamente um exemplo de castidade política. Moreira Franco idem. Afora os menos visíveis nessa nau que assume o poder.
Ao manter essa turma, Temer torna-se seu avalista. Talvez imagine que eles irão se redimir dos pecadilhos do passado. Talvez consiga. Ou não. Como tem um mandato de tiro curto, Temer não pode errar, esse é o problema de não poder fazer testes. Tudo bem. Temer terá um mandato eminentemente político, porque deve tudo ao julgamento político do impeachment. Outro problema.
Um ministério político significa fatiar o Governo com partidos que apoiaram sua assunção. E já vimos com esse tipo de coalizão não funciona. Talvez ele consiga fazer essa gente trabalhar pelo País. Talvez. E, aliás, ele terá apenas essa bala na agulha: ou faz seu Governo funcionar, ou corre o risco de ser ejetado da Presidência, com risco, inclusive, de ver Dilma retornar ao posto se, nos próximos meses, não mostrar resultado.