Temer corta ministérios mas equipe terá dez deputados, um superministro, três ex do Governo Dilma e… nenhuma mulher
Pode até ser justificável a maioria do ministério de Michel Temer ser de políticos, alguns muito profissionais, para assegurar uma maioria confortável no Congresso Nacional capaz de garantir governabilidade e quórum para aprovação de matérias certamente impopulares. Mas, será que não havia uma única mulher no Brasil com atributos para integrar a equipe?
É a primeira indagação que se faz. Há outras, obviamente, inclusive a dúvida se uma equipe eminentemente política dará respostas técnicas às muitas demandas que se apresentam nesse momento. A maior delas talvez seja encontrar substância para tapar um rombo previsto para este ano de R$ 150 bilhões no Orçamento da União, ou 2,5% do PIB (Produto Interno Bruto).
Temer joga claramente toda a responsabilidade para a crise financeira aos cuidados do novo superministro Henrique Meirelles (Finanças e Previdência). É talvez a sua melhor aposta para recuperar a credibilidade do Governo Federal. Mas, terá de conviver com o também novel ministro Romero Jucá (Planejamento), de longa rodagem na política e mais afeito ao jogo parlamentar.
Diante desse ministério, Temer terá como primeira tarefa, obviamente, mostrar que a opção feita por uma equipe política resultará em tranquilidade para aprovar no Congresso as medidas necessárias. Será, por assim dizer, o seu primeiro teste, num ambiente insalubre, onde os petistas e aliados certamente estarão esperando de foice na mão.
E não será fácil aprovar de um golpe (ops!) a reforma da Previdência, absolutamente inadiável, e a reforma tributária. Muitos tentaram antes e não conseguiram, dadas as enraizadas resistências num Congresso marcado pelo signo dos interesses de grupos. Pelo visto, o Brasil ainda terá um caminho muito árido pela frente, para enfim encontrar uma saída. Se encontrar.
Ninho de deputados – Da lista de ministros anunciadas, nesta quinta (dia 12), dez são deputados: Mendonça Filho (DEM-PE), Ricardo Barros (PP-PR), Ronaldo Nogueira (PTB-RS), Osmar Terra (PMDB-RS), Sarney Filho (PV-MA), Bruno de Araújo (PSDB-PE), Maurício Quintella (PR-AL), Raul Jungmann (PPS-PE), Fernando Bezerra Filho (PSB) e Leonardo Picciani (PMDB-RJ).
Terá ainda os ex-ministros Sarney Filho (ex do Meio Ambiente), Hélder Barbalho (ex dos Portos) e Gilberto Kassab (ex das Cidades).
Eis o ministério de Temer…
Fazenda (inclui Previdência) – Henrique Meirelles
Planejamento – Romero Jucá (PMDB)
Desenvolvimento, Indústria e Comércio – Marcos Pereira
Relações Exteriores (inclui comércio exterior) – José Serra (PSDB)
Casa Civil – Eliseu Padilha (PMDB)
Secretaria de Governo – Geddel Vieira Lima (PMDB)
Secretaria de Segurança Institucional (inclui Abin) – Sérgio Etchegoyen
Educação e Cultura – Mendonça Filho (DEM)
Saúde – Ricardo Barros (PP)
Justiça e Cidadania – Alexandre de Moraes
Agricultura – Blairo Maggi (PP)
Trabalho – Ronaldo Nogueira (PTB)
Desenvolvimento Social e Agrário – Osmar Terra (PMDB)
Meio ambiente – Sarney Filho (PV)
Cidades – Bruno Araújo (PSDB)
Ciência e Tecnologia e Comunicações – Gilberto Kasssab (PSD)
Transportes – Maurício Quintella (PR)
Advocacia-Geral da União (AGU) – Fabio Medina
Fiscalização, Transparência e Controle (ex-CGU) – Fabiano Augusto Martins Silveira
Defesa – Raul Jungmann (PPS)
Turismo – Henrique Alves (PMDB)
Esporte – Leonardo Picciani (PMDB)
Minas e Energia – Fernando Bezerra Filho (PSB)
Integração Nacional – Hélder Barbalho (PMDB)