Secretária nega desvio de dinheiro em recursos do São João de Patos com patrocínio da Friboi: “Foi apenas R$ 300 mil”
A secretária Méryclis D’ Medeiros Batista (Finanças, Patos) enviou ao Blog uma longa “nota de esclarecimento”, a respeito da postagem “Secretária de Patos é flagrada em escuta sobre desvio de recursos do São João com patrocínio da Friboi (http://goo.gl/fA2n4f)”, que trata das investigações do Ministério Público Federal sobre suspeitas de enriquecimento ilícito.
Em sua nota, Méryclis nega, conforme está no áudio, que o patrocínio da Friboi seria de R$ 3 milhões, mas apenas de R$ 300 mil: “Um valor de três milhões de reais chega a beirar o absurdo, pois o evento em si custa pouco mais que R$ 2.000.000,00 (dois milhões de reais), sendo a cota Master de R$ 600.000,00 (seiscentos mil reais).”
Méryclis também nega qualquer ilícito na operação e diz que suas palavras na escuta foram distorcidas e editadas: “Em breve estarei de posse dos áudios na integra e não os “editados” desrespeitosamente com fins escusos diversos, com fulcro de denegrir a minha imagem diante da população.”
Confira a íntegra da nota…
“NOTA DE ESCLARECIMENTO
Eu, Méryclis D’ Medeiros Batista, venho a público, por meio desta nota, como detentora de um múnus público, esclarecer que após 10 (dez) anos estando Secretária de Finanças participei da Comissão de captação e fiscalização do São João de Patos pela primeira vez no ano de 2015, tendo em vista que no ano anterior, ano de 2014, foi gerado um desgaste público em torno do pensamento de que o São João havia sido “privatizado” e transformado em um “curral”. Desse modo, ao novo formato de parceria público privada fora acrescentado o dever de se instituir uma comissão para coibir possíveis desmandos de qualquer patrocinador, ou mesmo da empresa vencedora do certame, garantindo ao cidadão um evento junino público, como sempre foi tradição, tendo sido criada a logomarca SÃO JOÃO DE PATOS É TODO SEU.
A comissão entre outras atribuições descritas no edital, Termo de Referência, Item V, poderia captar recursos de Patrocínio para o evento, aprovar atrações, aprovar estrutura, entre outros, ficando a empresa vencedora do certame autorizada a comercializar patrocínios e espaços junto a empresas públicas e privadas e pessoas interessadas em contribuir com o Evento, conforme no contrato.
Ocorre que uma investigação cível fora iniciada a partir de áudios coletados de outra investigação, ou seja, prova emprestada, onde se tenta apurar um possível recebimento de valores de forma ilícita. Foi captado pela empresa Área Badalada a maior parte dos patrocínios, dentre eles o da CEF, motivo pelo qual, entende-se que a investigação é de atribuição do Ministério Público Federal, muito embora o patrocínio não seja verba federal e remunera uma propaganda da Instituição Financeira. A comissão, por sua vez, também se responsabilizou por captar recursos, todos com a responsabilidade de repassar o contato para a empresa dar continuidade a comercialização e contratação do patrocínio, bem como o recebimento de qualquer quantia, através de conta corrente da empresa.
A comissão de captação iniciou contato com a Chesf, Friboi, e outros, através de e-mails, juntando o Portfólio do Evento e as Cotas de Patrocínio, porém tendo sido demonstrado interesse em eventos de folclore junino apenas por essas duas empresas, Chesf e Friboi. Após a manifestação das interessadas a negociação passou para o Setor de contratos da Área Badalada Eventos. A Chesf concluiu por não patrocinar tendo em vista a falta de um pré requisito, gerando um desfalque de R$ 200.000,00 (duzentos mil reais) conforme documentação conseguida pelo MPF, já a Friboi, também em negociação com a empresa Área Badalada Eventos, através de e-mails (correspondência eletrônica), sinalizou um valor de R$ 150.000,00 (cento e cinquenta mil reais), chegando a dobrar o valor, conforme noticiado pela empresa a Comissão.
Em um tom comemorativo eu, integrante da comissão, e sabedora da desoneração que o formato havia proporcionado ao ente público, qual seja, a Prefeitura Municipal de Patos, comuniquei a Gestora, através da Chefe de Gabinete que tinha recebido a boa notícia de que a Friboi iria dobrar o patrocínio para R$ 300.000,00 (trezentos mil reais). Esse valor distorcidamente fora interpretado como sendo de R$ 3.000.000,00 (três milhões de reais). Contudo, de posse da documentação, dos extratos de entrada e saída da Empresa Área Badalada, bem como dos e-mails, o Ministério Público Federal irá averiguar e constatar juntamente com as oitivas dos representantes da Área Badalada e da Prefeitura que o valor da Friboi, com nota fiscal emitida pela empresa Área Badalada foi de 300.000,00 (trezentos mil reais).
Um valor de três milhões de reais chega a beirar o absurdo, pois o evento em si custa pouco mais que R$ 2.000.000,00 (dois milhões de reais), sendo a cota Master de R$ 600.000,00 (seiscentos mil reais). A empresa Friboi é uma empresa séria e idônea, com mais de 60 (sessenta) anos de mercado e não se tem conhecimento de já ter patrocinado eventos desse porte com essa monta.
Ciente de que cumpri meu dever, juntamente com os demais membros da comissão, obedecendo determinação legal, e deixando claro que estão disponíveis minhas declarações de Imposto de Renda, bem como meu currículo junto as empresas onde passei, informo que estou tomando todas as providências legais cabíveis para demonstrar minha idoneidade e que nunca me locupletei com o dinheiro público. O MPF por sua vez está apenas cumprindo o seu papel, o de fiscal da lei. E como operadora do direito tenho a consciência jurídica de que ninguém pode se eximir de colaborar com a justiça, o que tenho feito desde o início deste episódio isolado.
Não posso, contudo, deixar registrada a minha indignação com relação as “truncagens” de áudios, releases passados para a imprensa de forma pré-julgadora e mentirosa, informações inverídicas de que houve busca e apreensão na minha casa, o que de fato não ocorreu, entre outros dissabores que venho enfrentando junto com meus familiares e amigos que conhecem a minha idoneidade e seriedade no tocante ao dinheiro público.
Em breve estarei de posse dos áudios na integra e não os “editados” desrespeitosamente com fins escusos diversos, com fulcro de denegrir a minha imagem diante da população. É preciso restabelecer o Princípio de que “somos inocentes até que se prove o contrário”, pois o que estamos vivendo é a era de que “somos culpados até que se prove a inocência”.
Deixo meus sinceros lamentos e minha manifestação de Fé em Deus primeiramente e na justiça dos homens.”
Confira o áudio da escuta…