Será que RC vai ter coragem de não nomear o mais votado na UEPB?
Em condições normais de temperatura e pressão qualquer governador no domínio pleno do seu senso teria 4.061 motivos para nomear Rangel Júnior novo reitor da UEPB. Foram esses precisamente os votos que ele obteve na eleição desta quarta-feira (dia 16).
Mas, há outras simbologias na votação. O segundo colocado, Cristovão Andrade, ficou com 1.785, seguido pela terceira colocada, Eliana Maia, com 1.477. Se alguém somar a votação dos dois (3.262), verá que ainda assim tiveram menos votos do que cravou Rangel.
Ou seja, foi claro o recado da comunidade acadêmica. Rangel, não apenas ficou em primeiro, como foi disparadamente o mais votado. Com todo o respeito aos que votaram contra, Rangel tem a preferência folgada da maioria de professores, servidores e alunos.
Uma regra de ouro da democracia é a convivência dos contrários. Muito vilipendiada nos últimos tempos por essas latitudes. Mas, não esqueçamos a outra regra de ouro. Democracia é o governo da maioria. Então, sob regime democrático, Rangel é o novo reitor.
Sua votação também expressão a liderança da atual reitora Marlene Alves. Mesmo enfrentando o poder da maquina estatal, após a guerra pela autonomia da UEPB, foi capaz de transferir seu prestígio a Rangel, superando os demais candidatos apoiados pelo governador.
Mas, estamos vivendo tempos ditos republicanos, quando nem sempre a democracia é respeitada. É neste particular que, mesmo ficando em primeiro disparado, Rangel corre risco de não ser o reitor de fato (que já é) e de direito. E será abominável se isto não ocorrer.
Então, o que a comunidade acadêmica deve pleitear, neste momento, é o respeito à democracia. O respeito às regras do jogo democrático. Rangel não é mais candidato. A disputa acabou. Ele foi o escolhido por ampla maioria e como tal deve ser respeitado.
Se o governador não respeitar a vontade dessa eloquente maioria, estará, pela segunda vez (após suspender a autonomia), intervindo de forma ditatorial na UEPB. Nenhuma comunidade acadêmica deve aceitar o jugo de uma ditadura, porque a próxima vítima pode ser qualquer um.