A prisão de Cunha, o homem que sabe demais, novas delações e o sinal amarelo para outros figurões
A prisão do ex-deputado Eduardo Cunha é o sinal dos tempos. Há alguns anos, certamente ninguém imaginaria que um ex-todo-poderoso presidente da Câmara Federal pudesse ser alcançado pela Justiça num País de tantas injustiças. Mas, o juiz Sérgio Moro decidiu com certeza mudar os costumes políticos e jurídicos do País.
Cunha não chega a Curitiba por acaso. Foi toda uma trajetória, que iniciou com seu depoimento falso à CPI da Petrobrás, quando jurou não ter contas no exterior. Depois, as investigações da Operação Lava Jato desmontaram um a um seus argumentos, que envolviam nomes estranhos de empresas tipo offshore ou trusts e assemelhados.
Sua cassação foi apenas mais um capítulo. Ele perdeu o foro privilegiado e terminou nas malhas da Justiça Federal do Paraná onde, para seu azar, está Sérgio Moro. E não apenas Cunha, também sua esposa Cláudia Cruz e sua filha Daniela Cruz, igualmente envolvidas no esquema, que aponta gastos no exterior com dinheiro de propina.
Para Cunha, talvez a saída menos dolorosa seja a deleção premiada. E certamente essa foi a intenção primeira de Moro. Cunha sabe muito e deve ter muito que falar. A partir de sua delação, a Justiça poderá chegar a outras figuras. Então, não é impossível que essa prisão de Cunha seja também um degrau para chegar a outras figuras de patente mais elevada.
Talvez o senador Renan Calheiros deva começar a se preocupar. Ou o presidente Michel Temer. E, quem sabe, também o ex-presidente Lula. Moro avança como uma sucuri que, aos poucos, vai asfixiando a vítima até que não lhe reste mais qualquer fôlego. Sua tática é implacável , bem se vê.