Secretário admite dificuldades mas rebate críticas de músico à política cultural do Governo RC: “Colocação chega a ser infeliz”
Diante da crítica feita pelo músico Xisto Medeiros, em seu Facebook, à política cultura do Governo Ricardo Coutinho, e que desencadeou uma intensa polêmica na rede social, o secretário Lau Siqueira (Cultura) decidiu se posicionar em longa postagem. Lau reconhece os “momentos delicadíssimos” por que passa do Estado, mas afirma que “é preciso bom senso para lidar com isso”.
Lau considerou infeliz a colocação postada por Xisto, afirmando que “esta (Governo Ricardo Coutinho) é a pior gestão cultural desses trinta e dois anos”. E lembra: “Apesar de todas as dificuldades. A menos que nossas reivindicações também sejam pontuais e corporativas. No mais, a situação nos demais estados não é diferente, como se pensa. De jeito nenhum!”
Confira a íntegra da postagem de Lau Siqueira…
“Não tenho dúvidas que estamos vivendo momentos delicadíssimos e precisamos de habilidade e bom senso para lidar com isso. Afinal não se passa por uma recessão sem sentir os efeitos, principalmente em áreas consideradas não prioritárias. Principalmente também, onde não temos políticas públicas bem estruturadas.
No entanto, não vejo uma referência anterior na Cultura tão importante assim, meu caro Xisto. Com todo respeito, meu velho. Com todo respeito que tenho, inclusive, por todos os gestores que passaram. Temos poucas heranças positivas porque o resto é cotidiano de pasta. Temos apenas um Fundo orçamentário, sem garantias de aporte financeiro e herdamos um sucateamento generalizado dos equipamentos culturais. Todos, sem exceção. Esta é a melhor referência ao passado.
Além disso, temos a memória da realização de eventos pontuais, apenas. Temos uma institucionalização ainda muito frágil, por isso a sua colocação chega a ser infeliz, Xisto. Não dá pra recuar na institucionalização da cultura. Apesar de todas as dificuldades. A menos que nossas reivindicações também sejam pontuais e corporativas. No mais, a situação nos demais estados não é diferente, como se pensa. De jeito nenhum!
Olha o caos do Rio de Janeiro, do Rio Grande do sul e outros. Todo o setor cultural no país passa por dificuldades imensas e o MinC é o maior retrato disso. No momento, por exemplo, tentam criminalizar os Pontos de Cultura. Se estivesse tudo maravilhoso em Pernambuco, o FIG já teria pago os cachês da sua última edição, por exemplo. É compreensível o quase desespero de gente tão talentosa como vocês. Sei que estão sentindo na pele. Só não dá pra desqualificar nem corporativizar o debate.
Vejamos: em primeiro lugar, não podemos transformar esse debate em desavença pessoal. São legítimas as reclamações e até mesmo os exageros são compreensíveis. Podemos sim conversar sobre saídas, até pela proximidade física. Estamos quase todos aqui num mesmo equipamento, Gerson, conversando no Facebook sem que nada nos impeça de conversar pessoalmente. Basta subir a rampa. Concordo que precisamos encontrar saídas.
Isso aqui não é uma disputa. Não entendo assim, pelo menos. Estou indo daqui a pouco pro Cariri, onde as dificuldades são ainda maiores. Mas, na próxima semana podemos sentar e discutir isso tudo que está posto aqui, porque o enfrentamento, entendo eu, é bem maior do que se pensa.
No mais, precisamos ter claro que nosso debate é estadual e não municipal ou de equipamentos culturais de João Pessoa. Não se pode calar esse debate com as migalhas que sempre tivemos e com os interesses corporativos que começam a tomar forma. O debate é político e, pra mim, deve ser olho no olho. Penso que, apesar das diferenças, algumas das quais profundas, fomos parceiros em tanta coisa e considero que ainda estamos no mesmo barco. Na volta do Cariri vamos retomar o debate pessoalmente.”