Brasileiros voltam às ruas para defender a Lava Jato e acendem sinal amarelo em Brasília
Os brasileiros voltaram às ruas. E surpreendentemente (ainda) não foi para pedir a saída de Michel Temer. Mas, para defender a Lava Jato e o juiz Sérgio Moro, diante da escandalosa mutilação que os senhores deputados perpetraram contra os dez postulados da Lei Anticorrupção. Não foi uma manifestação gigante, mas emblemática.
Emblemática, porque revela como o brasileiro está muito mais atento ao que ocorre, especialmente na calada da noite, no centro do poder. O segundo detalhe não menos importante foi o recado para o senador Renan Calheiros. Dentre os manifestantes, não foram poucos os que pediram a sua saída. Pelo andar da carruagem, Renan caminha para ocupar o lugar de Eduardo Cunha no imaginário do perverso.
A verdade é que o atentado cometido contra a Lei Anticorrupção, vista como uma espécie de salvo conduto para a Lava Jato, despertou a ira dos brasileiros. Porque a maioria vê a operação como uma redenção ao mal da corrupção, que permeia a estrutura de poder no Brasil, desde os tempos de Pedro Álvares Cabral, mas que assumiu requintes de institucionalização nos tempos modernos.
Os brasileiros mandaram o recado: da mesma forma que foram às suas para pavimentar o impeachment de Dilma Rousseff, ou talvez o que ela representava, voltam às ruas para um alerta à classe política: chega de tanta patifaria. Chega de tanto escárnio ao povo brasileiro. Se um basta não for dado a tanta imoralidade, só restará ao povo derrubar um Estado que só não ruiu ainda porque os brasileiros são uma gente pacata. E tolerante até demais.