Mais um bilhão de visitas turísticas ocorreram em 2016 no mundo, confira com Palmarí de Lucena
Mais de um bilhão de pessoas de visitas turísticas foram registradas, ao longo de 2016, um número que revela a crescentemente movimentação de pessoas pelo mundo, apesar da crise que marca algumas das maiores economias do mundo. Esse é o ponto de partido de mais um comentário do escritor Palmarí de Lucena, que pode ser conferido à integra…
“Turismo pro mundo ver
Perguntamos ao guarda-parques de uma praça de Montevidéu, sobre os desafios de manter o logradouro livre de pichações e vandalismo. Respondeu sem hesitar: turistas subindo em monumentos e invadindo jardins para tirar fotos. Apresentação sobre a cidade de Machu Picchu interrompida constantemente pelo comportamento obnóxio de uma família. Ambos casos, turistas brasileiros. Autoridades culturais reclamando de uma maré de narcisismo e irresponsabilidade, motivada pela busca constante de autoafirmação e o uso do patrimônio e sítios históricos em acessórios de vídeos pessoais e fotografias.
A Organização Mundial de Turismo reporta que mais de um bilhão de visitas turísticas ocorreram no ano passado, um recorde desde que a organização começou a monitorar o movimento mundial de turistas. Problemas afetando negativamente o desempenho das economias dos Estados Unidos, da Zona do Euro e de alguns dos países do BRICS entretanto não foram suficientes para frear o crescimento vertiginoso do setor turístico global. Relaxamento de vistos, tarifas promocionais e pagamentos facilitados, colocaram os chineses e os brasileiros no topo dos gastos turísticos em 2014.
O declínio da economia brasileira e a concomitante valorização do dólar continuam diminuindo o volume de gastos no exterior, sem afetar o viés de compra de roupas, acessórios e cosméticos que representa quase a metade do consumo dos nossos turistas. Talvez uma consequência não intencionada da situação atual seja fomentar o turismo de marca e sacola, uma atividade econômica vista como lucrativa, independente do nível social do viajante. Ênfase em compras e consumismo contribui para falta de interesse, muitas vezes falta de respeito, pela cultura e história dos países. Autorretratos diante de monumentos como a Torre Eiffel, por exemplo, registram a passagem do visitante pelo local para disseminação em redes sociais, sem nenhuma atenção à história e ao valor cultural do monumento. Conhecimento não adquirido na viagem, tratado muitas vezes como um oneroso excesso de informação, sem valor comercial nem status.”