Reflexões sobre o episódio envolvendo o filho do secretário de Segurança
Teve algo de louvável na atitude do secretário Cláudio Lima (Segurança), em conduzir o filho, Cláudio Felipe, para uma delegacia de Polícia, após ser flagrado dirigindo em alta velocidade, apresentar sinais de embriaguez e, especialmente, afrontar os policiais com palavrões e agressão física. Mas, em episódios similares, ocorridos anteriormente, o secretário não teria agido da mesma forma.
No termo de ocorrência, lavrado na delegacia, é possível verificar como o jovem (e um menor de 15 anos) afrontou os policiais, o que talvez revele o fato de se sentir, digamos, acima da lei, por ser filho do secretário de Segurança. No relato, também é possível constatar como adiou por horas a realização do teste do bafômetro, talvez para esperar que seu organismo metabolizasse o eventual excesso de álcool no sangue. No fim, o teste deu negativo.
Certo privilégio que, certamente, um cidadão comum não teria. Então, é preciso verificar como o caso será tratado, doravante. Recentemente, o Governo do Estado fez o maior estardalhaço com o deputado Tovar Correia Lima, por ter sido flagrado numa blitz de Lei Seca, onde, aliás, fez o teste do bafômetro. O parlamentar teve a carteira suspensa e ainda foi alvo do escárnio junto à opinião pública, pela forma como o Governo divulgou o fato.
E, pra encerrar, não há como desconhecer o sofrimento de uma família, especialmente de pai e mãe (que normalmente não têm culpa), tendo um filho com esse tipo de comportamento, envolvimento com drogas e assemelhados, por isso o episódio precisa ser tratado com o devido respeito. Apesar de que, nesse caso, já há reincidências na prática do delito.
Talvez não seja o caso do secretário já pedir demissão do cargo, afinal teve a decência de conduzir o filho para a delegacia, mas, certamente, deve começar a pensar no assunto.
CONFIRA O TERMO LAVRADO NA DELEGACIA DE POLÍCIA (Delegado Marcelo Bion)…
“Na madrugada de hoje, 16.07.2017, por volta das 02h30min, trafegava com a VTR-6375 pela Avenida Beira Rio, bairro Cabo Branco, quando se deparou com o veículo Corsa, cor dourada, placa MOP2891, trafegando com as luzes apagadas e ultrapassando o sinal vermelho; Que então acionou os sinais luminosos e sonoros da viatura, pedindo que o condutor parasse o veículo;
Que não foi atendido na sua solicitação, tendo o condutor do veículo continuado a fuga pelo bairro Cabo Branco, não obedecendo os sinais vermelhos e ultrapassando os outros veículos em alta velocidade; Que pediu ao CIOP para consultar a placa do veículo Corsa, que continuou em fuga, vindo a parar em frente à um edifício no bairro Miramar;
Que o condutor do veículo Corsa desceu e jogou uma lata de cerveja ao chão e gritou “ninguém vai me prender seus bucetas“, foi dada voz de prisão que não foi atendida. Que o motorista do veículo juntamente com um amigo que estava em sua companhia, subiu as escadas do prédio e passou a proferir palavras como: “buceta” e vindo em direção à guarnição com os punhos cerrados, quando o Soldado Rui Barbosa tentou algemá-los foi agredido, sendo empurrado na ponta da escada, vindo a se lesionar;
Que ambos os acusados ficaram na entrada do prédio insultando a guarnição; Que pediu apoio à guarnição 6139 tendo à frente a Cabo Elaine; Que o motorista do Corsa, posteriormente identificado como CLÁUDIO FELIPE DE SOUSA LIMA, correu para dentro do hall do prédio ao qual foi dada voz de prisão e, na tentativa de algemá-lo, este agrediu o depoente e o soldado Rui Barbosa com empurrões e arranhões lesionando inclusive o fardamento de ambos;
Que o senhor CLÁUDIO se jogou na piscina resistindo e reagindo de forma agressiva e desrespeitosa até que, por intermédio dos pais, ele resolveu se entregar, foi quando a guarnição do Tenente Rodolfo chegou e conduziu CLÁUDIO FELIPE DE SOUSA LIMA, juntamente com o seu pai até à esta Central de Flagrantes;
Que o veículo foi recolhido ao Detran pelo fato de encontrar-se com o licenciamento vencido e pelo ato criminal de direção perigosa; Os acusados agiram assim na presença das guarnições, do porteiro do prédio, dos condôminos, como também foram filmados pelo circuito de câmaras, o que respalda a ação da guarnição policial;
Que ambos foram conduzidos e entregues à autoridade policial plantonista na presença de várias autoridades, inclusive do Delegado Geral; Informa ainda que foram usados os meios progressivos da força necessárias para conter a injusta agressão, não sendo entretanto algemados;
Que desde a chegada dos depoentes, por volta das 02h50min até a realização do teste de etilômetro, que só foi realizado por volta das 05h20min, o condutor ingeriu água por diversas vezes, inclusive indo ao banheiro constantemente, o que pode alterar consideravelmente o resultado do teste; Além do teste de etilômetro não foi feito o Auto de Constatação que deve ser levado em consideração o comportamento agressivo, arrogante, irônico além de aspectos físicos característicos de sinais de uso de entorpecentes; Por fim a guarnição sente-se “coagida” pelo fato do conduzido se tratar de filho de autoridade responsável pela segurança pública do Estado”.