O fisiologismo antidemocrático e reforma política, confira com Palmarí de Lucena
“O Brasil só será capaz de combater sistematicamente a corrupção política quando tivermos uma genuína reforma política e quando o povo exercer seu dever democrático”. É o que defende o escritor Palmarí de Lucena, em seu mais recente comentário, “Fisiologismo antidemocrático”. Palmarí lembra com a maioria dos políticos brasileiros é eleita por “despachantes” e não precisamente pela vontade expressa do povo.
Confira a íntegra do comentário…
“Acompanhamos os procedimentos e as revelações feitas durante as audiências do Comitê do Congresso Americano investigando o Caso Watergate. Homens poderosos expostos como patifes ordinários, protagonistas da subversão do Estado de Direito que haviam jurado defender. Parlamentares motivados pela pressão popular e as descobertas da imprensa, outrora partidaristas acomodados ou legisladores medíocres, metamorfoseando-se em mestres do debate democrático e defensores da Constituição. Espetáculo cívico no picadeiro da democracia, a república sobreviveu ao seu maior desafio desde a Guerra Civil.
Décadas após o Caso Watergate, a Operação Lava Jato descobriu a Pedra da Roseta de um esquema multibilionário de corrupção em plena metástase, envolvendo os mestres do universo da política e da economia. A Policia Federal e o poder judiciário assegurando transparência nas investigações, indiciamentos e julgamentos. Sufocado pela carga de dezenas de suspeitos ou acusados de corrupção, o poder legislativo encenando um reality show com conflitos de interesses, platitudes e incompetência. Eleitos para representar o povo, parlamentares sedentos por recursos de emendas e do fundo partidário ou cargos de confiança subestimando a democracia e o seu fortalecimento.
O Parlamentar federal, estadual ou mesmo o municipal são franqueados pelo voto popular para exercer o poder em nome do povo. Sua grande maioria, no entanto, é eleita por ser despachantes que resolvem problemas, conseguem benefícios ou atendem a reivindicações particulares, muitas vezes ilegítimas. Deslizes éticos de políticos são ignoradas pelos eleitores, uma consequência direta de eleições proposicionais que limitam a relação de representatividade política entre o eleitor e o eleito. O Brasil só será capaz de combater sistematicamente a corrupção política quando tivermos uma genuína reforma politica e quando o povo exercer seu dever democrático, sem o viés de interesse próprio, com civismo e comprometimento com as nossas instituições republicanas.”