Idosos vivendo perigosamente, por Palmarí de Lucena
O mais recente comentário do escritor Palmarí de Lucena trata das dificuldades que pessoas de terceira idade enfrentar para se locomover nas ruas das cidades, com as calçadas, ora obstruídas por veículos e ambulantes, ora em mal estado de conservação. Calçadas perigosas são responsáveis pela maioria das quedas em vias públicas. Confira seu artigo “Idosos vivendo perigosamente”:
“Experimentando dificuldade de locomoção, idosos se arriscam a quedas desastrosas caminhando em calçadas, tentando evitar obstáculos ou mesmo ser atropelados por veículos saindo aleatoriamente de estacionamentos improvisados. Espaço público privatizado por estabelecimentos comerciais, comedores informais e vendedores de bricabraque eletrônico transformando calçadas e passeios públicos em perigosas pistas de obstáculos, para pessoas com redução natural na mobilidade, adaptação ao pavimento, distúrbios do equilíbrio, diminuição da visão e outros fatores que os tornam mais vulneráveis a quedas, lesões e suas imprevisíveis sequelas.
A ocorrência de quedas em idosos é um dos principais problemas clínicos e de saúde pública contribuindo para a incapacidade ou limitação, são eventos de alta incidência com graves consequências para a saúde pública e aumento de gastos assistenciais. A Organização Mundial da Saúde refere quedas como um dos problemas mais importantes e corriqueiros afetando idosos, episódios que aumentam progressivamente com o avanço da idade e a deterioração do espaço público. No Brasil, 30% dos idosos caem ao menos uma vez ao ano, podendo ser fatal nesta faixa etária e dificultar a recuperação devido as mudanças fisiológicas normais associadas à terceira idade e o crescente envelhecimento da população
A conversão desenfreada do espaço público para uso como estacionamento é uma evidencia chocante da incapacidade da Prefeitura Municipal de implantar a padronização de calçadas, executar o Código de Posturas, assegurando a mobilidade da população idosa e deficiente. Idosos tentando entrar na Casa Lotérica da Avenida Ruy Carneiro, por exemplo, têm que se arriscar a quedas nas superfícies acidentadas, ferimentos causados por barras de ferro e atropelamento por veículos entrando e saindo da calçada. A Prefeitura é omissa ao priorizar ciclovias para usufruto e mobilidade diferenciada, em detrimento do bem-estar de uma crescente população idosa.”