A Paraíba bate o Iraque na violência e está precisando de uma “primavera árabe”
Eu gostaria muito de ter acreditado no Governo Ricardo Coutinho, quando anunciou, há poucos dias, que estava conseguindo reduzir os índices de violência na Paraíba. Anúncio que foi imediatamente desmentido por uma escalada de criminalidade nunca vista. Horas depois, pessoas foram retalhadas, outras chacinadas e nunca se assaltou tanto em João Pessoa. Um visão apocalíptica.
Mas, tenho uma tendência, meu caro Paiakan, de acreditar nos números que o deputado Janduhy Carneiro apresentou, esta quarta-feira (dia 13), na Assembleia. Segundo o deputado, João Pessoa chegou ao ranking de segunda cidade mais violenta do País, conforme dados do Ministério da Justiça. Alcançou a impressionante marca de 80,3 mortes por grupos de 100 mil pessoas. Um escândalo.
Um dado que coloca a cidade como “violentamente endêmica”, segundo avaliação da Organização Mundial de Saúde. Porém, a estatística mais impressionante foi o deputado Jandhy comparar os números com a violência no Iraque. Lá, no epicentro de uma guerra sem fim, os índices de homicídios atingem “apenas” 64,9 mortes por grupo de 100 mil iraquianos. Ou seja, menor do que a Paraíba.
O nosso Estado está conseguindo ser mais violento que os árabes do Iraque, conhecidos pela ferocidade. Não existe pior marca para um Estado que pretende atrair turistas, capitalizar investimentos e oferecer um mínimo de tranquilidade aos cidadãos. Vivemos uma guerra civil nas ruas da Paraíba que, lastimavelmente, só não é percebida pelo Governo RC, que enxerga com outras lentes.
E, enquanto o Governo anuncia a redução da violência, o cidadão se torna refém dos bandidos. Um quadro que poderia ser ainda pior se o paraibano acreditasse no que o Governo diz, porque poderia relaxar a sua própria segurança. A sorte é que o cidadão não acredita. E não acredita porque os fatos conspiram todos os dias contra os dados do Governo, que mais parecem peça de ficção.
Talvez fosse esperar demais que, além do exemplo comparativo, no campo da violência, a Paraíba também experimentasse algo como a “primavera árabe”, em que governos de vários países do Oriente tombaram, varridos por uma onda de democracia que desmontou diversas ditaduras. Talvez fosse esperar demais, que nosso Estado também passasse por um fenômeno similar.
Mas, os paraibanos, ora acossados por uma escalada nunca vista de violência, não parecem ter tanto sorte assim…