Mãe de Bruno Ernesto decide ir à procuradora Raquel Dodge pedir pela federalização do crime
A mãe do jovem Bruno Ernesto, Inês Morais do Rego, deve protocolar, nos próximos dias, em Brasília, um pedido de audiência com a procuradora-geral da República, Raquel Dodge, para voltar a solicitar a federalização do crime de seu filho. O pedido foi feito em 2015 pela advogada Laura Berquó, mas, durante o mandato de Rodrigo Janot, não houve uma definição.
Janot chegou a cobrar do Ministério Público do Estado o envio das peças que compõem o inquérito policial, mas, até se pode apurar, os documentos não foram remetidos para uma avaliação da PGR. Para que possa ser federalizado, é preciso que o crime se enquadre em alguns critérios e somente então a Polícia Federal será acionada para realizar as investigações.
Recentemente, Inês e outras mães que perderam filhos assassinados estiveram com o novo procurador-geral da Justiça Seráphico da Nóbrega para cobrar agilidade nas diligências em relação aos crimes, e o procurador se comprometeu a avaliar os casos.
Insuportável – Disse Inês ao procurador: “Não suporto mais esse excesso de tempo, que não é razoável, eu preciso de uma resposta e não vou abrir mão, sobre as minhas dúvidas e indagações. Eu vou perseverar sempre nessa minha busca. Um ano e três meses para o inquérito ser encaminhado à PGR é realmente muito tempo.”
Arma e balas – A mãe de Bruno Ernesto também cobrou um desfecho quanto às investigações sobre a arma e as balas que foram utilizadas no assassinato já que, conforme já amplamente esclarecido, pertenciam ao Governo do Estado. Ela cobrou ainda o desfecho das investigações do Jampa Digital, iniciadas em 2011 e nunca concluídas. “Um caso de improbidade administrativa e leva esse tempo todo para investigar?”
O crime – Quando foi assassinado (em 7 de fevereiro de 2012), Bruno Ernesto era diretor de Infraestrutura e Suporte da Prefeitura de João Pessoa, por isso sua inevitável associação com o escândalo do Jampa Digital, já que ele era um dos coordenadores do programa que, dois anos depois, foi escândalo nacional, com uma extensa reportagem do Fantástico (Rede Globo). Mais em https://goo.gl/q8u8Jd.
Naquela noite de fevereiro, por volta das 19h, Bruno foi sequestrado pela quadrilha próximo à sua residência, no bairro dos Bancários, colocado na mala do próprio carro (um Corsa Sedan) e levado a uma área deserta da Zona Sul. Após se apropriarem de seus bens, inclusive um notebook, ele foi assassinado com um tiro na nuca, mesmo pedindo para não ser morto. Revelação de um dos criminosos.
O tiro na nuca, para a Polícia, é sinal de execução. Também restou comprovado que eles sabiam de toda a rotina de Bruno, antes de executar o plano. Tinham, como se suspeitou, informações privilegiadas sobre seu trajeto.
Eles foram presos, quando dirigiam o carro por um bairro de João Pessoa. Segundo o inquérito, concluído poucos meses depois, o caso foi de latrocínio. Os sete foram julgados e condenados, com pena máxima. E o caso foi dado como encerrado.
Execução – O tiro na nuca, para a Polícia, é sinal de execução. Às vezes, por encomenda. Em entrevista à Imprensa, alguns bandidos chegaram a admitir terem sido contratados para realizar “o serviço”.
Mais sobre a reportagem com entrevistas com os bandidos em http://goo.gl/Terk9f