Azevedo terá o bônus de ser candidato oficial e o ônus de defender a gestão em áreas como Segurança, Saúde e Educação
O secretário João Azevedo (Infraestrutura) encerrou o ano de 2017, mesmo em meio a várias especulações em torno da vice Lígia Feliciano, como pré-candidato oficial de Ricardo Coutinho ao Governo do Estado, pelo PSB. João, que, nas eleições passadas, foi lançado e depois rifado pelo governador, tem os próximos meses, até abril, para consolidar sua candidatura.
João tem biografia. É um engenheiro respeitado, professor (do IFPB) conceituado e tem se apresentado como alternativa, apesar do bombardeio que sofreu nos derradeiros suspiros de 2017, quando o Tribunal de Contas do Estado revelou, numa planilha de acumulações, que ele recebeu, ao longo do ano, vencimentos de mais de R$ 44 mil, oriundos de cinco a seis fontes diferentes.
As acumulações, como o próprio Azevedo frisou, são legais. E certamente são. João tem um histórico de seriedade. O que pesa são os valores envolvidos. De qualquer forma, esse não será o único óbices para a campanha, caso venha a ser mesmo o candidato oficial. Claro que terá em seu favor o peso de ser o candidato do governador. É algo a considerar num Estado como a Paraíba.
João terá argumentos apresentando o números de obras realizadas pelo Governo. Especialmente na área de estradas. Claro que são projetos e recursos obtidos por Governos anteriores, mas Ricardo Coutinho tem o mérito de ter realizado. Se bem que, em muitos casos, as obras apresentaram uma qualidade pra lá de questionável. Cite-se apenas o exemplo da PB-030, de Pedras de Fogo à BR-230, que se desmanchou em buracos com menos de três meses de inaugurada.
A verdade é que, como candidato do Governo, Azevedo terá também de explicar a gestão em áreas essenciais como Segurança, Saúde e Educação. Da Segurança, há pouco a falar. Os fatos falam por si. Mesmo o governador tendo afirmado, quando candidato, que era só questão de gestão, e que resolveria tudo em seis meses, não há quem, em sã consciência, aprove o que o Governo fez nesse quesito.
Na Saúde, o que se viu foi um processo de terceirização pouco explicado. Por exemplo: o Hospital de Trauma terceirizado para a Cruz Vermelha gaúcha. Quando Ricardo Coutinho assumiu o Governo, em janeiro de 2011, o orçamento do Hospital era de R$ 4 milhões/mês. Sete anos depois, passou a R$ 12 milhões/mês, ou seja, triplicou o orçamento, num período em que a inflação ficou abaixo dos 45%, e o atendimento não experimentou uma melhora, digamos, de três vezes, como se sabe bem.
Na Educação, o desastre foi um pouco maior. De prima, o governador teve a audácia de fechar mais de 300 escolas estaduais, o que deixou os alunos distantes da escola. Muitos desistiram de estudar, dizem números do MEC. E para, para coroar sua estratégia na área, ainda terceirizou mais de 560 escolas, o que se assemelha a um atestado de incompetência para gerir pela via pública.
Ou seja, João não terá vida fácil na campanha.