Os cinco mais ricos do Brasil e o acinte com o cidadão comum, por Lúcio Flávio Vasconcelos
Não há realmente como qualificar de outra forma, que não seja como um acinte. Tem razão o ex-secretário Lúcio Flávio Vasconcelos, em recente artigo postado no Facebook, ante a informação de que os cinco bilionários mais ricos do País concentram uma riqueza superior à renda de metade dos brasileiros.
Uma desigualdade dessa magnitude é, sem dúvida, sinal de uma apocalipse social. Somados, esses cinco afortunados amealharam nada menos que R$ 284,1 bilhões. São eles: Jorge Paulo Lemann (R$ 95,3 bilhões), Joseph Safra (R$ 71,1 bi), Marcel Hermann Telles (R$ 47,7 bi), Carlos Alberto Sicupira (R$ 40,7 bi) e Eduardo Saverin (R$ 29,3 bi).
Para se ter uma ideia, somente Saverin, o 5º mais rico, já tem uma fortuna equivalente a 11 vezes o orçamento de João Pessoa (R$ 2,7 bi) para 2018. Ou ainda duas vezes e meia o orçamento da Paraíba (R$ 11,05 bilhões) para este ano.
Vale conferir o comentário de Lúcio Flávio…
“Bilionários made in Brazil
Na Idade Média, a igreja Católica afirmava que ser rico era impedimento para a entrada no Reino do Céu . Mesmo assim, houve vários papas milionários. Alexandre VI (Rodrigo Borgia) é apenas o exemplo mais notório.
Com o desenvolvimento do capitalismo, surgiu o ideal de vida burguês: ser milionário. Só poucos conseguiram tal proeza. A maioria permaneceu na absoluta pobreza.
Ser rico não é crime. Principalmente na sociedade capitalista, onde acumular riqueza é sinônimo de ser uma pessoa bem sucedida.
Mas num país em que cinco bilionários brasileiros concentram patrimônio equivalente à renda da metade mais pobre da população, é um acinte à humanidade. É sinal de que muitas coisas estão equivocadas.
De acordo com a pesquisa da organização não-governamental Oxfam, divulgada nessa segunda-feira, essa é a realidade nua e crua do nosso país. Ela precisa mudar urgentemente.
A explicação superficial diria que essas bilionários conseguiram sua riqueza trabalhando duro. Que eles são mais disciplinados e muitíssimos mais inteligentes do que a maioria da população. Ledo engano.
Um olhar mais atento percebe as raízes mais profundas para tamanho sucesso no mundo empresarial. Eles não se tornaram bilionários por acaso.
São herdeiros da tradição escravista, concentração fundiária e autoritarismo político que fazem parte da nossa história. Esses são alguns dos pilares que dão sustentação ao modelo de sociedade que vivemos.
Só há uma saída racional para que essas diferenças gritantes comecem a ser minimizadas: impostos sobre grandes fortunas, taxação crescente sobre herança e combate efetivo à corrupção.
Sem essas medidas necessárias e urgentes, caminharemos célere para a barbárie de crime e violência que já assola as nossas cidades.” (Mais em https://goo.gl/Wqz7c3)