NÃO CONFIA EM LÍGIA? RC insinua que poderá permanecer no Governo para impedir Estado de cair “em mãos erradas”
É visível a ansiedade do governador Ricardo Coutinho com a proximidade de abril, prazo fatal para se desincompatibilizar e disputar o Senado nas eleições de outubro. Apesar de negar, é notório seu desejo de ser candidato. Sabe que, se for até o final do Governo, a partir de janeiro de 2019 estará sem mandato e com mais de 200 processos para responder. E sem mais ter foro privilegiado.
Mas, tem um problema que é deixar o Governo nas mãos de quem tentou humilhar: a sua vice Lígia Feliciano. O governador tem, portanto, até abril para se ajustar com Lígia (e Damião Feliciano), se tiver mesmo que deixar o Governo. Até o momento, todas as suas tentativas de locar Lígia num posto, como, por exemplo, conselheira do Tribunal de Contas do Estado ou ser sua suplente de senador não surtiram efeito. Ainda.
Enquanto isso, o governador manda recados cada vez mais agônicos. Nos últimos dias, afirmou, em diferentes tons, que não poderia sair do Governo sem a garantia de que a vice não iria promover mudanças. É quase um grito de desespero. Chegou a dizer: “A minha prioridade é fazer de tudo para garantir o futuro deste Estado. Se esse Estado volta para mãos indevidas, volta para uma época em que não se via o dinheiro, você via escândalo.”
E ainda: “Minha prioridade é essa, se precisar ficar para garantir isso, ficarei.” Foi uma declaração infeliz. Foi quase como se acusasse Lígia de, uma vez empossada governadora, viesse a agir de forma irresponsável no comando do Estado. Uma presunção muito grosseira. Talvez esperando que a vice assumisse, por antecipação, que toparia ser uma marionete, pronta para atender ao seu controle remoto.
Suas declarações podem atender às expectativas da plateia de girassóis em final de poder desejosos de mais uma dez meses de prorrogação, mas certamente só agravaram sua relação, que deveria ser minimamente respeitosa, com a vice.