RC promove o linchamento moral de Agra
Não dá para defender o prefeito Luciano Agra pelas estripulias que ele cometeu, tipo destruição da pista do Aeroclube do Bessa. Foi uma das operações mais desastradas que um gestor público protagonizou por essas latitudes. Foi a mais lastimável demonstração de autoritarismo, com uso da violência para constranger desafetos.
Também é indefensável os muitos escândalos em que ele se envolveu, a exemplo da merenda escolar, do gari milionário, da desapropriação de Cuiá, da compra astronômica de frutas a preços superfaturados, da aquisição escandalosa de produtos de limpeza e álcool suficientes para limpar toda a Paraíba, do Jampa Digital. É uma longa lista.
Mas, da mesma forma, é surpreendente o linchamento moral que o governador Ricardo Coutinho e seus seguidores vêm promovendo contra o prefeito. Tudo por que, em algum momento, Agra cismou de ser independente, e decidiu deixar o PSB, após ser massacrado numa disputa interna do partido, na qual não teria a menor chance.
Num dia, um ex-secretário chama Agra de covarde, no outro o governador o acusa de traição, adiante o presidente do PSB diz que o mandato do prefeito não é dele, mas do outro. Para coroar, a primeira-dama Pâmela Bório dispara que o prefeito não passa de um “bobo” nas mãos de seus auxiliares. Agra tem sido linchado pelo ex-aliados.
Também não chega a surpreender. Quando o deputado Guilherme Almeida deixou o partido, porque foi impedido de assumir uma secretaria no Governo Maranhão III, foi desancado não apenas por RC, mas por todos seus seguidores, inclusive Agra. O mesmo ocorreu a todos os demais deputados que deixaram o PSB enxotados por Ricardo.
Trata-se, na verdade, de uma prática muito comum no stalinismo, em que os aliados só têm algum valor quando estão sob a tutela do pai. Quando começam a fazer sombra ou a manifestar algum sinal de independência, passam pelo processo que Agra e outros passaram, culminando com o linchamento moral, quando não ocorre algo pior.