Aliança com Agra dá empuxo à candidatura de Cartaxo mas amordaça seu discurso de oposição
Há certa hipocrisia em quem critica a adesão do prefeito Luciano Agra à candidatura de seu xará Luciano Cartaxo. Ora, até bem pouco tempo, praticamente todos os candidatos a prefeito suspiravam pelo seu apoio. Não exatamente pelo apoio público, muito mais pelo adjutório que uma máquina como a Prefeitura de João Pessoa pode oferecer para um candidato.
Quem pode desconhecer o poder da capilaridade eleitoral de uma máquina azeitada? Isso já será aferido, provavelmente na próxima pesquisa. A menos que haja algum fenômeno paranormal, é previsível que o petista Luciano Cartaxo dê o salto de alguns pontos no ranking e talvez até já esteja no páreo para a disputa direta contra Zé Maranhão e Cícero Lucena.
Mas, este salto terá um preço. Cartaxo, que vinha se apresentando como o candidato com perfil imaculado e franco-atirador habilitado a disparar, como fazia na Assembleia, contra a gestão girassol (envolvendo ai o governador Ricardo Coutinho e o prefeito Luciano Agra) não poderá mais usar essa ferramenta. Ele perdeu seu porte de arma ao se coligar com Agra.
Terá de mandar apagar todos os seus discursos e entrevistas em que criticou duramente os escândalos da Fazenda Cuiá, Jampa Digital, merenda escolar, gari milionário, compra superfaturada de frutas, aquisição astronômica de produtos de limpeza, destruição do Aeroclube do Bessa. Estes serão, a partir de agora, assuntos proscritos em sua campanha e ponto final.
Resta saber se o preço que será obrigado a pagar pelo seu silêncio, nesse particular aspecto, compensará o apoio recebido por Agra e a imposição do vice Nonato Bandeira. Só o tempo dirá se o custo-benefício dessa operação valerá a pena. A população certamente irá fazer sua própria leitura, e dessa avaliação dependerá o futuro da candidatura de Luciano, o Cartaxo.