O poder dos órfãos de Cunha e o Centrão, confira com Palmarí de Lucena
Em seu mais recente comentário, o escritor Palmarí de Lucena observa como o País está à mercê de um sistema político fundado em prática delituosas, que aperfeiçoaram, ao longo dos últimos anos, o saque aos cofres públicos, com uma corrupção desenfreada. E lembra como, dentro desse contexto, um grupo de políticos, Órfãos de Cunha ou o Centrão, “continua oferecendo a garantia de governabilidade através de um Cavalo de Tróia do seu projeto de poder ao próximo presidente”.
Confira a íntegra de seu comentário “Muito barulho por nada”:
“Esforço incansável dos nossos líderes políticos em camuflar a verdade e a aceitação passiva de narrativas baseadas em realidades alternativas manufaturadas com fatos destorcidos, nos conduzem a uma perigosa trilha de renúncia das liberdades e valores enraizados na nossa Constituição. Estamos à mercê de um sistema político eleitoral construído por aqueles responsáveis pela corrupção sistemática do Estado. Arranjos interpartidários mantêm a permanência no poder de oligarquias políticas, assegurando a governabilidade através da compra de apoio político com recursos do Fundo Eleitoral e do Fundo Especial de Assistência Financeira aos Partidos Políticos.
Paradoxalmente, um grupo de partidos e parlamentares conhecidos como os Órfãos de Cunha ou o Centrão continuam exercendo uma poderosa influência na viabilização da governabilidade ou na desconstrução da agenda governamental, caso excluídos dos espólios do poder. Apesar de demandas por reformas e suspeitas de corrupção, o grupo continua oferecendo a garantia de governabilidade através de um Cavalo de Tróia do seu projeto de poder ao próximo presidente. Financiamento político de esquemas de permanência no poder serão os fatores determinantes na escolha dos novos membros do Poder Legislativo e na aprovação do programa do governo.
De acordo com o Resumo Escolar, “[…] O termo governabilidade também remete a necessidade desse governo de atender às principais demandas e mudanças da sociedade. Além disso, é certo afirmar que tanto a governabilidade, como a governança, estão relacionados com o direito de cidadania e de poder […]”. Estamos ensinando aos nossos jovens algo bem distante da conjuntura política da atualidade. Participação cidadã e o sufrágio universal possivelmente não mudarão o modus operandi de um Poder Legislativo motivado pela permanência no poder e cargos na nomenclatura político-funcional. Enquanto não houver uma reforma política genuína, a falta de ética e integridade seguirão erodindo a confiança do povo no Estado Democrático de Direito.”