Síndrome de fadiga da democracia, confira com Palmarí de Lucena
O descrédito das instituições democráticas tem levado o cidadão ao desencanto. Em sua mais recente crônica, o escritor Palmarí de Lucena aborda o fenômeno, que tem dimensão mundial. Cita que, numa pesquisa recente, realizada na União Europeia, constatou-se que 30% da população não acredita mais no parlamento de seus países. O número é ainda mais acentuado no Brasil, ainda traumatizado com todos os escândalos mais recentes, envolvendo lideranças políticas.
Confira a íntegra do comentário “Síndrome de fadiga da democracia”:
A falta de confiança nas instituições democráticas está em ascensão em praticamente todas as democracias ocidentais. Pesquisas da União Europeia mostraram que menos de 30% da sua população acredita nos parlamentos nacionais e governos, uma prova contundente da impopularidade e desconfiança nas instituições mais importantes da democracia. O diagnóstico do fenômeno Síndrome de fadiga da democracia, revela tratar-se de sequela de um comportamento que faz o povo venerar eleições e ao mesmo tempo, desdenhar aqueles que elegeram. Fomentando assim uma tendência por lideres autoritários e previsíveis em democracias ocidentais
A crescente influência de candidatos com raízes castrenses, demonstra o alto nível de confiabilidade das Forças Armadas e a tendência mundial pela adoção de medidas duras na segurança pública. Partidos conservadores justificam a escolha de candidatos baseados em conceitos militares de disciplina, integridade e patriotismo, vistos como essenciais para a resolução dos problemas do país. Descrença na democracia e instituições brasileiras, tem sua raiz no impeachment da Presidente Dilma e nos escândalos de corrupção denunciados pela Operação da Lava Jato e outras operações. Segundo a organização Latinobarómetro, somente 6% dos brasileiros apoiam o governo, índice inferior aos governos impopulares da Venezuela e do México.
A opinião publica isenta os militares brasileiros de críticas ou acusações de corrupção e prevaricação. Em 2017, a pesquisa Datafolha concluiu que a maioria dos brasileiros não confiavam no Presidente Temer, Congresso Nacional ou nos principais partidos, por outro lado 80% dos entrevistados expressaram uma imagem positiva das Forças Armadas. Apesar da pouca probabilidade de uma intervenção militar e confiança na vocação democrática dos nossos líderes castrenses, ainda existe um grau de desconforto e desconfiança com o crescente protagonismo de militares da reserva na composição de chapas, endosso de candidatos e participação nas eleições de 2018.