Mãe de Bruno Ernesto desabafa em Fórum: “Não há um só dia que não pense no meu filho esperando por Justiça”
“Só sabe da imensidão dessa dor quem perde um filho como nós perdemos”. Foi o desabafo da servidora Inês Moraes do Rego, mãe de Bruno Ernesto, na tarde desta quinta (dia 2), no Fórum Criminal, enquanto esperava audiência em ação movida por Coriolano (irmão do governador Ricardo) Coutinho contra a advogada Laura Berquó.
Coriolano processou Laura por conta de postagens na Internet em relação ao assassinato de Bruno Ernesto, e Inês figura entre as testemunhas no processo. “Não há um só dia da minha vida, que eu não pense no crime e não espere por Justiça. Só uma mãe sabe do sofrimento que é perder um filho e, depois, virem todas essas suspeitas de ter sido uma execução”, lamentou Inês.
Inês lembrou a lentidão da Justiça em apurar o assassinato do filho, ocorrida em fevereiro de 2012, em circunstâncias misteriosas. As suspeitas de execução, e o fato da família ter descoberto que a arma e as balas usadas no crime foram adquiridas pelo Governo do Estado levaram o Ministério Público Federal a instaurar o Inquérito nº 1.200, que tramita em segredo de Justiça no Superior Tribunal de Justiça.
Inês e seu esposo, Ricardo, vêm tentando acesso aos autos, para saber como estão as investigações: “É muito angustiante pra gente não ter uma ideia precisa de como se encontram as diligências, e já se vão seis anos, sem uma elucidação e a punição dos eventuais responsáveis por esse crime. Só uma mãe pode saber o tamanho do sofrimento com a perda de um filho tão querido.”
Os autos, que já constam de três volumes e vários anexos, foram remetidos ao Ministério Público Federal (desde 11 de abril de 2018). O MPF deve emitir parecer, que pode ser pelo oferecimento de denúncia, novas diligências ou até mesmo o arquivamento do processo. Segundo o advogado Aluízio Filho, “a família entende que deve ter acesso aos autos, mas respeitamos qualquer decisão da Justiça”.
O mistério neste inquérito é que o governador Ricardo Coutinho, por uma razão ainda não explicada, peticionou nos autos (processo nº 2017/0211846-5), através do advogado Sheyner Asfóra, em 12 de setembro de 2017.