Palmarí de Lucena e seu adeus a Nelson Coelho
Em sua mais recente crônica, o escritor Palmarí de Lucena presta sua homenagem ao jornalista Nelson Coelho, o profissional “combativo, polêmico, mercurial, suas narrativas e opiniões sempre motivadas por uma intensa curiosidade intelectual sobre os temas políticos”. Confira a íntegra de seu comentário “Nelson Coelho, obrigado!”:
Estávamos diante de um caixa eletrônico, calculando distraidamente quanto deveríamos sacar para os gastos do fim de semana. Momento de realidade financeira interrompido sem grande cerimônia por um homem grisalho de aparência leonina, vozeirão ressoando no vazio do pequeno espaço. Estendendo a mão com a familiaridade ensaiada de um político em plena campanha, apresentou-se como um amigo do meu saudoso pai. Escritor, jornalista, reconteur de fatos e lendas da política paraibana, o homem chamava-se Nelson Coelho.
Combativo, polêmico, mercurial, suas narrativas e opiniões sempre motivadas por uma intensa curiosidade intelectual sobre os temas políticos. Nelson Coelho alcançara o topo de sua carreira jornalística ao ser nomeado superintendente do jornal A União, tinha planos para a modernização e expansão da abrangência do periódico. Planos que incluíam retorno ao projeto gráfico original e formação de um núcleo de colaboradores capaz de produzir matérias diferenciadas e imparciais.
Convidados inicialmente para escrever uma coluna diária, concordamos eventualmente em produzir textos semanais sobre nossas memórias e experiências no cenário internacional. Abrangendo temas globais, pontos fora da curva editorial e da abrangência temática do periódico, os textos se transformaram no miolo do nosso primeiro livro “Nem aqui, nem ali, nem acolá”. Criamos o blog Palmarí na Estrada, conquistando um lugar ao sol na arena do jornalismo de opinião. Obrigado Nelson!
Encontrávamos Nelson esporadicamente, conversas oscilando entre narrativas entusiasmadas sobre o prospecto de imortalidade na Academia Paraibana de Letras ou decepção pela falta de apoio à sua candidatura. Acreditava que a imortalidade seria o maior legado de uma vida dedicada ao jornalismo e a cultura. A mortalidade de sua amada esposa asfixiou novos sonhos de alcançar a imortalidade. Triste, deprimido, enfermo, partiu como um comum mortal. Graças a Deus havia cumprido sua missão.