O incêndio criminoso do Museu Nacional do Rio de Janeiro num País sem memória. E sem vergonha
Sempre se soube que o Brasil é um País que não tem respeito pela memória. E quando se vê o que aconteceu com o Museu Nacional do Rio de Janeiro não há qualquer dúvida. É uma lástima. Não há justificativa para um País que, por falta de zelo, permite que um acervo de mais de 20 milhões de peças, algumas dela fundamentais para a sua História, tenham sido entregues ao fogo.
Sim, entregue ao fogo. Foi um crime doloso. O que se viu no incêndio do Museu foi a fogueira da negligência, do descaso, do desapreço pela memória, pela cultura, pela História. Um desastre que, até por ironia, aconteceu no Rio de Janeiro, hoje o símbolo maior da bandalheira e da imoralidade que marca o País. Uma vergonha para os brasileiros de bem e para o mundo.
Um País como este merece o que está passando. Todo este descalabro de imoralidade, onde bilhões e bilhões escorrem pela fogueira da corrupção, enquanto faltam algumas migalhas para manter o básico do básico: a sua memória. Uma irresponsabilidade sem tamanho, com as milhões de peças, com o meteoro de Bendegó, com o fóssil de Luzia, o mais antigo das Américas (estimado em 12 mil anos).
É uma lástima. Pena que os responsáveis pelo descaso não sejam devidamente enquadrados. Neste País da impunidade não se pode esperar pela punição dos culpados. E o pior de tudo tem sido essa hipocrisia que se patrocina após o desastre, quando autoridades e assemelhados vieram a público para anunciar providências. Sobre as cinzas, como sempre. O Brasil merece o seu desastre.