Agra segue impunemente a cartilha RC do Caso Cuiá à compra milionária de cachorro-quente
A esta altura dos acontecimentos, o prefeito Luciano Agra pode até ter se livrado do governador Ricardo Coutinho, mas não do modus operandi como se habituou a administrar a Prefeitura de João Pessoa, sob um signo girassol. Uma das características é a escalada de atrapalhadas e escândalos.
Agra estreou sua gestão protagonizando o absurdo episódio do Aeroclube do Bessa. Inspirado no estilo beligerante do tutor político, Ricardo Coutinho, mandou tratorar a pista munido apenas de uma liminar. Foi a primeira demonstração de autoritarismo herdado de sua formação como vice-prefeito.
E então veio o festival de escândalos, quase em série. São tantos, que até confundem o distinto público. Os mais escrachados foram, certamente, a desapropriação da Fazenda Cuiá, um verdadeiro escárnio com o dinheiro do contribuinte, e o Jampa Digital, que prometia o que jamais foi capaz de cumprir.
O agravante nos dois casos é que foram utilizados como combustível eleitoral. Ou seja, tiveram, direta ou indiretamente, algum efeito sobre as eleições de 2010, segundo denúncia em investigação pela Justiça. Se a suspeita for procedente, então terão interferido no resultado eleitoral, como os cheques da Fac.
E houve outros escândalos igualmente tenebrosos e potencialmente lesivos ao erário. Caso da merenda, gari milionário, compra superfaturada de hortifrutigranjeiros, aluguel de ônibus com uma quilometragem para dar duas voltas à terra, a farra da compra de produtos de limpeza e pegadores de roupa.
E Agra, obviamente, não tem tido com o que se preocupar. Apesar de toda a nitroglicerina contida nessas traquinagens denunciadas pela Imprensa, pelos menos até o momento o prefeito segue impávido, sem qualquer admoestação mais séria da Justiça. Uma imunidade que é realmente de tirar o chapéu.
Agora, o mais recente foi a compra de mais de um milhão de cachorros-quentes para as crianças, ao preço de quase R$ 3 milhões. Uma compra licitada pela ex-secretária Ariane Norma de Menezes, ao arrepio, inclusivo, de uma decisão anterior da Justiça, que identificou ilícitos na aquisição milionária.
Ou seja, não tem jeito. Agra pode ter desencarnado de RC, mas não do seu estilo de administrar. E pode pagar caro por isto. Basta que o Ministério Público e a Justiça comecem a enxergar todos esses escândalos com mais fome, ou melhor, com mais rigor.