Unidade do PT em torno de Cartaxo exige reaproximação de Agra e Ricardo
Depois de uma eletrizante arenga, com pesadas trocas de farpas, eis que os esquemas do prefeito Luciano Agra e do governador Ricardo Coutinho começam um quase imperceptível, mas gradual processo de reconciliação política. Agra tem dado seguidas senhas, evitando rebater as recentes críticas do seu antigo tutor. O processo de reaproximação tem sido catalisado pelo PT.
Nas últimas horas, o presidente do partido, Antônio Barbosa, emitiu nota pregando a unidade em torno da candidatura do deputado Luciano Cartaxo, após defender renhidamente aliança com o PSB. A nota não traz, porém, os termos da negociação. Pelo que ficou acordado, PT e PSB estarão juntos num segundo turno, a menos que seus dois candidatos passem, algo, a preço de hoje, impensável.
Com essa perspectiva, ficou estabelecido ainda um acordo de cavalheiros, ou um pacto de não agressão, envolvendo o prefeito Agra, que seria preservado na campanha pela candidata Estelizabel Bezerra, do PSB. Em contrapartida, o governador RC, que seria poupado pelo deputado Luciano Cartaxo. O primeiro reflexo será um arrefecimento da bancada petista na Assembleia.
Mas, Estelizabel e Cartaxo, certamente, não irão dar refresco a Cícero Lucena e Zé Maranhão, que estão na dianteira da disputa. Pelo acertado entre eles, a estratégia será desqualificar os dois concorrentes das oposições, exibindo-os como ultrapassados. Em resumo, esses seriam os termos do acordo que está levando o PT a promover, pela primeira vez, sua unidade numa eleição.
Um custo benefício que o deputado Luciano Cartaxo está disposto a pagar.
Confira a nota do presidente do PT, Antônio Barbosa, anunciando unidade em torno do deputado Cartaxo: “Em 2010 tomei parte de um movimento político por uma nova Paraíba, apoiado este na defesa de dois palanques, posto que dois partidos aliados disputavam o Governo do Estado. Muitos traduziram o nosso gesto como uma dissidência política.
Tratava-se de uma eleição estadual e a Paraíba muito ansiava por mudanças. O resultado foi, por um lado, a vitória do atual governador Ricardo Coutinho, mas, por outro, consolidou-se uma enorme fratura na relação do meu grupo político com a Direção Nacional do PT.
Não me arrependo do movimento feito. É fato, contudo, que ainda perduram celeumas perturbadoras da boa convivência partidária.
Hoje, na Presidência do PT em João Pessoa, tendo perdido a disputa interna pela tese da aliança com o PSB e havendo sido vencedora a tese da candidatura própria encabeçada pelo Dep. Luciano Cartaxo, após sucessivos apelos da instância partidária nacional, através de seu presidente Rui Falcão, estou convencido que o melhor caminho nessas eleições municipais se configura como o da adesão a um projeto de unidade partidária capaz de administrar de forma contínua e qualificada a cidade de João Pessoa.
O companheiro Luciano Agra, pelo que aporta em termos de administração pública, se apresenta como fator importante para a minha decisão.
É sabido que um partido permanentemente dividido contra si mesmo jamais logrará construir, viabilizar e operacionalizar um projeto político-administrativo que mereça a simpatia dos cidadãos.
Neste sentido, nos cabe por um termo ao processo de fragmentação das forças de centro-esquerda no nosso cenário político municipal e estadual.
O primeiro passo começa dentro de casa!”