A indicação de Moro para o Ministério da Justiça
É bem verdade que, ao aceitar o convite para assumir o Ministério da Justiça, o juiz Sérgio Moro deu combustível para as críticas da oposição, especialmente o PT, por óbvias razões, de que sua atuação no julgamento das ações envolvendo o ex-presidente Lula tinham um componente ideológico e partidário. Mas, é inequívoco, o presidente eleito Jair Bolsonaro marcou pontos com sua indicação.
Primeiro, porque passou a mensagem de valorização da magistratura, Polícia Federal e Ministério Público Federal. Notas emitidas por ministros do Supremo Tribunal Federal e também pelas entidades que representam esses segmentos da sociedade foram praticamente unânimes em destacar a sua escolha. Moro se tornou uma espécie de símbolo da eficácia da Justiça para combater a corrupção. Sua popularidade junto ao brasileiro é inquestionável.
Depois, foi também uma sinalização importante para a continuidade da Lava Jato. Como ministro, ele terá cacife, não apenas para respaldar a operação, como ainda articular o endurecimento da legislação de combate à corrupção no Congresso Nacional, e também como ficou claro, ao crime organizado. Além do mais, recebeu carta branca para tocar o Ministério, o que assegura uma atuação severa de enfrentamento a corruptos. No mínimo.
Destaque-se ainda que presença de Moro impõe ao próprio presidente eleito uma espécie de freio, de limite, a eventuais excessos cometidos sem amparo legal. Moro pode ser, por isso mesmo, avalista do fiel cumprimento dos preceitos constitucionais e da democracia no País. E, finalmente, confere ao novo governo um verniz de moralidade e competência, pelo menos a priori. É esperar pra conferir seu desempenho a partir de janeiro.