Declínio da liberdade do Internet, confira com Palmarí de Lucena
“Crescentes restrições à liberdade do Internet formam uma ameaça existencial ao crescimento de regimes democráticos e a liberdade” é o que advogada o escritor Palmarí de Lucena, em sua mais recente crônica “Declínio da liberdade do Internet”. O tema é pauta constante em qualquer debate sobre as liberdades individuais em tempos de globalização e Internet, especialmente diante de ferramentas, sobretudo chinesas, que impõem restrições de acesso à rede. Confira a íntegra de seu comentário:
Falando diante de uma seleta audiência em Washington DC no ano 2000, o ex-presidente Bill Clinton endossou entusiasticamente a visão ocidental sobre o poder global do Internet, como um percursor da liberdade através de celulares e modems de banda larga. Caracterizando com improvável a possibilidade de sucesso de controle do Internet pelos chineses, Clinton comentou jocosamente que tais iniciativas poderiam ser tão malsucedidas como tentar pregar geleia em uma parede.
Décadas depois, a República Popular da China (PRC) continua aperfeiçoando e expandindo a chamada “Great Firewall”, sistema considerado pelo mundo tecnológico como o mais eficiente veículo de censura do Internet. Preocupante também é a transferência de tecnologia chinesa para países com governos autocráticos ou totalitários, sem nenhum ou pouco respeito a direitos civis e liberdade de expressão. O sucesso do modelo chinês é fruto do interesse de censores em compartilhar tecnologia e métodos de controle do Internet, parceiros na preocupante tendência a supressão de dissidência digital mobilizada por redes sociais e redes virtuais privadas (VPNs).
Um relatório da ONG Freedom House afirma que os chineses estão investindo massivamente na “propagação do seu modelo no exterior”, através de capacitação massiva de funcionários estrangeiros e a transferência de tecnologia de censura e vigilância do uso de Internet pela sociedade civil. Esforços complementados por exigências as empresas estrangeiras para que se submetam a padrões chineses, mesmo quando seus programas e operações estão sendo conduzidas no exterior.
Crescentes restrições a liberdade do Internet formam uma ameaça existencial ao crescimento de regimes democráticos e a liberdade. Declínio da liderança global dos Estados Unidos e submissão de empresas internacionais a demandas de maior controle do Internet por governos nacionais, munidos de tecnologia chinesa, formam um poderoso e ameaçante contraponto a sustentabilidade da democracia e a globalização.